Meus Queridos! A minha prima Maria da Praia telefonou-me porque queria saber as razões da visita do meu rico Presidente Bolieiro à SATA… Já que ela não tinha ideia de haver antes visitas presidenciais à sede da SATA, e que se saiba, os governantes quando precisam de reunir com os administradores das empresas fazem-no chamando aos gabinetes os respectivos gestores… Lá lhe expliquei que embora não me meta nessas coisas de política, segundo me disseram, o Presidente do Governo quis por junto responder aos deputados que pediram a criação de uma Comissão na Assembleia Legislativa para apreciarem as contas da Companhia que, segundo pensam e dizem… “houve martelada nas contas” para poderem equilibrar os resultados… Ao mesmo tempo, Bolieiro quis anunciar que a tarifa Açores terá disponíveis na SATA para a presente época de verão 93 mil lugares para fazerem turismo pelas ilhas… No fundo, foi uma acção política do Presidente do Governo numa moldura diferente…. Porém, logo de seguida houve muitos empresários a dizer que os lugares anunciados na SATA foram um paliativo para amortecer o impacto com que foi recebido há dias o anúncio da Ryanair que vai cancelar a partir de Novembro a operação em São Miguel e Terceira, anuncio que foi desvalorizado pela Secretária do Turismo, alegando que há vinte e tal companhias que vão voar para a Região… Esquecendo que essas companhias vão voar no Verão iata 2023…. E a partir de Novembro as ligações entre os Açores e Portugal serão feitas apenas pela SATA e TAP…. Com reflexo depois na disponibilidade de lugares e no preço dos bilhetes…. Há quem esteja atento ao desenrolar desse novelo, porque paira no ar é que falhou a promoção nas linhas servidas pela Ryanair!
Ricos! Como é sabido, o jornal que tão generosamente me acolhe no seu seio tem-se empenhado na divulgação e procura de soluções para acolher os indigentes que não têm eira nem beira e os sem-abrigo vítimas das malditas drogas que se tornaram numa praga imensurável, para as famílias e para a sociedade em geral… A situação tem passado ao lado das entidades públicas, mas parece que começa a ser vista como deve ser… A avaliar pelas acções de alguns municípios…. No que toca a Ponta Delgada, amanhã 5 de Junho vai reunir-se o Conselho de Segurança Municipal com uma agenda sobrecarregada de assuntos importantes como o parecer do quadro social de Ponta Delgada, o processo sobre a videovigilância e propostas de revisão do Código de Posturas Municipais, que certamente incluirão poderes para que as entidades policiais possam agir perante os indigentes e sem-abrigo… Entretanto, a minha prima Gertrudes disse-me que a psicóloga Suzete Frias, que foi Directora Regional de Prevenção e Combate de Dependências no Governo anterior e é presentemente Directora da Arrisca, anunciou um projecto para tratamento de pessoas dependentes com um hospital ambulatório, mas não tem os 65 mil euros para adquirir a viatura, tendo já solicitado apoio ao município de Ponta Delgada… Gertrudes diz que num caso como este, a Arrisca deve bater à porta dos mecenas, começando pelos Bancos, já que este projecto é importante para mudar a indigência de quantos caíram nas garras das drogas…. Em último recurso, pode a Arrisca recorrer a um contrato de leasing para compra da viatura adequada para por o projecto em acção… Tal como propõe a minha prima Gertrudes….
Meus queridos! Como sempre segui com toda a atenção a transmissão das cerimónias do Dia da Região, este ano na belíssima e emblemática vila baleeira das Lajes do Pico, que não deixou os seus créditos por mãos alheias e teve ali um ambiente maravilhoso com um cenário arrebatador de mar e montanha. Não vou falar dos discursos dos diversos intervenientes, (quase) todos centrados na onda centralista que motiva uma série de queixas e porque Lisboa, mesmo propositadamente, se põe a jeito com tantas bernardas seguidas em que as Autonomias dos Açores e da Madeira são desprezadas ou esquecidas… Como leitora atenta do jornal que tão generosamente me acolhe no seu seio, senti que todos aqueles discursos eram sintonia perfeita com o editorial da véspera, do meu querido e simpatiquérrimo director, Américo Viveiros, com o título: “República exclui os Açores do território nacional” e no qual se diz com todas as letras que “o que somos hoje, foi uma conquista do povo Açoreano e é preciso lembrar que corremos perigos quanto ao futuro, sendo nossa responsabilidade mantermo-nos na primeira linha de combate contra os poderes que nos humilham e nos tratam como cidadãos de 2ª categoria. Os perigos vêm do centralismo de Lisboa, que tem tratado os Açores como colónia, lembrando os tempos de má memória”. Depois disto, é caso para dizer que o Dia dos Açores foi pedra de toque para muitos combates que se avizinham… Haja esperança!
Ricos! E falando ainda no Dia dos Açores, como a vila das Lajes do Pico teve a honra de encerrar todos estes anos de périplo das celebrações por todos os concelhos e por alguns lugares da diáspora açoriana, está na hora de se repensar o formato das sessões solenes que não podem continuar a ser assim, secas e estéreis, começando “à papo -seco” logo com os discursos dos deputados, sem sequer um momento cultural ou uma lição curta, mas abrangente, de alguma personalidade do meio cultural, académico, social ou até económico da Região. As cerimónias do Dia dos Açores não podem ser uma cópia de uma sessão parlamentar. Têm de ir mais além… Este ano valeu a fenomenal e original interpretação polifónica dos hinos Nacional e da Região, pelo icónico coral das Lajes do Pico, que bem nos poderiam ter brindado com dois ou três números do seu extraordinário reportório… Fica o alerta a quem de direito!
Meus queridos! Tinha jurado a mim mesma que não ia falar mais do muito que todos os dias se vai ouvindo sobre o atendimento no Hospital do Divino, essencialmente na porta de entrada que é o Serviço de Urgência. Como o dito cujo hospital desde há um tempo para cá virou campo de batalha política e corporativa, nem me meto e finjo não entender. Mas há uma coisa que não pode ser joguete nas mãos de seja quem for quanto ao atendimento que é devido a cada doente. Contou-me a minha prima Gertrudes que ainda esta semana deu entrada nas urgências do HDES um doente a rebolar-se de dores e foi tratado como se nada fosse…. E continuando o dito cujo, aflito e desesperado, lá partiu para o hospital da privada, onde foi operado de urgência, na mesma hora, à vesícula… Pois se não tivesse sido de imediato operado, poderia ter morrido. Gertrudes deu-me conta do testemunho do pai nas redes sociais, mostrando desse modo a aflição e agora a revolta por quanto aconteceu na urgência do HDES… Se calhar, quando o doente chegou à Urgência pensaram que o homem estava a rebolar-se de dores apenas para ser atendido depressa… Perante toda a situação, espero que seja feita uma investigação ao caso…. Para se saber as circunstâncias em que foi atendido o paciente em causa… e de quem é a responsabilidade ou melhor, a irresponsabilidade do que se passou! Tenham dó!
Ricos: A minha prima Ernestina que vive no Canadá, há muitos anos que não vinha cá por ocasião das festas do Divino Espírito Santo e já tinha saudades do rebuliço que se vive durante estas semanas. Levou-me então na passada Sexta-feira até Rabo de Peixe… onde pudemos assistir ao cortejo da bênção da carne no Barracão, que precedeu o arraial da Filarmónica Progresso do Norte, Banda que tocou pela primeira vez o hino dos Açores, a 3 de Fevereiro de 1894. De facto, Ernestina confirmou que as festas em honra do Divino naquela vila ainda são o que eram, com as suas especificidades e onde tudo é feito com grande devoção e dignidade. Ficamos perplexas ao assistir ao cortejo processional onde se incorporou a irmandade, que acompanhou os mordomos Rúben Farias e Mafalda Pimentel, num desfile que fez o gáudio das senhoras que se aperaltam de tal forma que mais parece um evento com as estrelas de Hollywood. Um convidado especial que também fez questão de participar de opa no cortejo foi Paulo de Carvalho, o Presidente da União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, que se deslocou a Rabo de Peixe para assinar um acordo de parceria com a Junta de Freguesia micaelense. Jaime Vieira fez as honras da casa e mostrou-se um anfitrião à altura. As festas continuaram para delícia da minha prima Ernestina, que fez questão de ir meter o olho no cortejo da distribuição das pensões em carros de bois típicos e na mudança da Bandeira para o novo mordomo, que este ano irá ser recebida em casa do conhecido empresário Rúben Correia.
Meus queridos! Hoje é Domingo da Trindade, o segundo mais forte nas celebrações do Divino, por essas ilhas abaixo. Vamos lá a ver se São Pedro desta feita é mais benevolente, embora estejam previstos aguaceiros em muitas das nossas ilhas. A gente sabe que festa molhada é festa abençoada, mas Impérios com chuva é meia festa estragada e já bastam as taxas e impostos de todo o tipo e sobre todas as coisas para estragar o resto da festa. Estou a falar dos Impérios para deixar aqui um alerta que me foi pedido por uma amiga de peito que é para os mordomos e responsáveis terem cuidado com o uso de animais vivos nos cortejos das coroações, essencialmente as martirizadas pombas brancas amarradas em cestas e almofadas que ali vão sofrendo e esperneando durante horas e ainda por cima são soltas na hora da recolha do cortejo, e esvoaçam assustadas ao som das músicas e das “roqueiras” acabado por dar cada cabeçada nas paredes ou desnorteando-se nos telhados… Ainda se fossem as rolas e rolinhas que andam por aí aos milhares comendo o que se semeia no dia anterior e dejectando em todo o lado … Dando cabo da pintura de carros de portas e portões… A minha comadre Engrácia disse-me há dias que vai requerer ao Governo que seja indemnizada pelos estragos das rolas que já a obrigaram a fazer uma pintura no seu popó… Já que não há maneira do meu rico Secretário da Agricultura mandar abrir a caça para equilibrar a população das rolas que está a transformar-se numa praga muito séria… E que se junta à praga dos ratos que também nos atormentam… Tenham dó!
Meus queridos! Quero mandar um ternurento beijinho ao sempre atento e perspicaz colaborador do jornal que tão generosamente me acolhe no seu seio, Carlos Corvelo César, pelo seu artigo publicado na edição de 1 de Junho sobre a nova e demorada paragem das obras nas malfadadas defuntas Galerias da Calheta que ninguém entende e, pior que isso, ninguém explica. Dá mesmo impressão que a coisa está para ficar assim mesmo ou para ser quando os todo-poderosos donos da obra quiserem. Cada vez mais se prova que depois do “pecado geracional” que foi tirar aquilo do domínio público, estamos mesmo entregues ao capricho e aos interesses de quem pode e sabe manobrar os cordelinhos dos adiamentos sine die, sem qualquer consequência prática… Mas como em 2024 vai haver eleições, pode ser que se fale outra vez da Calheta… Até que aquilo se torne numa atracção arqueológica… Bem bom que há sempre alguém que não se cala…