E que conduz ao mal, que depois de normalizado leva gente de bem a cometer as maiores atrocidades e horrores que a Humanidade já conheceu.
O holocausto.
O exemplo da Alemanha na segunda guerra mundial é exemplo. Como foi possível?
Interrogam-se, hoje, os seus descendentes.
Tal acontecimento tenebroso tem sido replicado noutras paragens.
O medo gera violência. É reaccionário – reage! Não revoluciona, nem ao menos reforma. Conserva! Paralisa. A violência vem a seguir, como arma política.
A ideologia do medo e a cobardia dos seus autores, refugiando-se na “vozearia” arrogante e provocatória de “ os políticos são todos iguais” ou “estão todos a gamar”.
Ou a atracção pelos extremos. Serão iguais os populismos extremistas de esquerda ou de direita? Não são.
A extrema-esquerda como hostiliza a Igreja e os grandes grupos económicos e financeiros torna-se de mais fácil combate. Ao invés a extrema-direita que reclama para si a protecção da religião e dos grandes interesses ganha sempre o seu respectivo apoio e protecção, implantando-se com mais rapidez em territórios de mais forte religiosidade e onde a economia e a finança são do domínio de escasso número de famílias.
Em Portugal, depois do 25 de Abril e ultrapassado que foi o PREC -processo revolucionário em curso, reposto o jogo democrático com o 25 de Novembro, pelas forças políticas democráticas e moderadas, afastadas as forças extremistas e antidemocráticas, os partidos políticos com assento parlamentar, aceitaram as regras do jogo democrático plasmadas na Constituição de 1976, que juraram cumprir e fazer cumprir.
A extrema - direita populista, agora ressuscitada e com lugares no Parlamento é anti-sistema democrático e pretende a aprovação duma nova Constituição.
O racismo e a xenofobia constam das respectivas linhas programáticas, embora afirmem o contrário.
Contudo uma leitura atenta e crítica do seu programa e o que têm deixado escrito na comunicação social e nas redes sociais, leva que se conclua que efectivamente o são.
Segundo alguns comentadores insuspeitos, os militantes que integram essa força política populista e extremista de direita são pessoas com medo, daí o explicar-se, em parte, o seu crescimento na Assembleia da República.
O medo pega-se. O escasso apego à verdade floresce. Optam pela emoção em detrimento da razão.
E com isso seduzem mais facilmente gente que não está muito inclinada a pensar e reflectir.
Assim como serve melhor os interesses de certa comunicação social, para quem os ganhos de mais audiência prevalecem. Os investidores assim o exigem.
A emoção é nuclear no populismo, sobrepõe-se objectivamente à razão.
Vários sociólogos de ideologias diferentes são de opinião que os problemas sociais que os Estados enfrentam actualmente são o “alimento” para o crescimento da extrema-direita, concluindo ser o medo que leva as pessoas a votar nesses extremistas.
Assiste-se à revolta contra as elites tecnocráticas, culturais e mediáticas por parte dos que se sentem excluídos, dos que estão a viver em péssimas condições, depois de terem usufruído de razoáveis estilos de vida.
Se não forem encontradas respostas apropriadas, esses revoltados podem ser potencialmente perigosos.
Se as democracias liberais não forem capazes de responder aos desejos das pessoas, poderá acontecer em Portugal o que sucedeu em França com a extrema - direita de Marine Le Pen, chegar a uma representação parlamentar muito próxima dos 40%.
Alguns historiadores consideram que a nova extrema-direita europeia “age em sociedade de medo”. E este é “um medo do futuro, do emprego, da precariedade e da saúde”.
Aproveitam-se da frustração e do medo das classes médias vítimas da globalização e que se sentem ansiosas e revoltadas.
Ou os democratas da esquerda à direita respondem ao medo das pessoas ou é a extrema – direita que passa a liderar essas franjas das populações abandonadas.
Tal como nas décadas de 1920 e 1930, serão esses milhões de pessoas vitimas do chamado”sistema”, possuídas dum medo incontrolável, que passarão a ser alvos fáceis dos “salvadores da Pátria”.
Como a história recente nos ensina o medo institucionaliza-se como arma política e de controlo das sociedades, transformando-se numa ideologia de ódio ao “outro” culpado de todos os males. Ontem judeus, hoje ciganos ou imigrantes.
Que não restem duvidas, mesmo para aqueles que procuram justificar a normalização dos populistas da extrema – direita, quando afirmam que também os há à esquerda.
Não há equiparação possível.
Enquanto os de direita procuram destruir a democracia e as liberdades, os de esquerda, não só as aceitam como as apoiam.
Para agravar toda esta tendência para soluções iliberais e autocráticas, são os próprios democratas a aprovisionarem os arsenais dos seus inimigos mortais, com as armas que poderão vir a destrui-los.
António Benjamim