O Banco de Portugal é uma cadeia virtual onde alegados incumpridores se encontram condicionados no acesso ao crédito, por fazerem parte de uma lista que não deixa de ser masoquista.
Agora, e conforme li, em resultado da subida das taxas de referência, as quais alteraram de forma substancial a taxa de esforço do devedor, pode-se reestruturar o crédito, alegando o respetivo decreto para o efeito no que respeita ao crédito de habitação, em função da taxa de esforço e até um determinado valor.
Ora até agora penso que está tudo bem e diria até correto. A reestruturação não é, nem pode ser uma vantagem unilateral, ou seja, só do devedor, também é do banco credor e por isso se chama reestruturação, ou seja, é do interesse mútuo.
Sendo do interesse mútuo, a fim de diminuir a taxa de risco de incumprimento e o efeito que possa ter no devedor e ainda no balanço do credor, quem é o idiota que se lembrou de que isto ficará registado como incidência?
Não, não me esqueci do Fundo de Resolução!
Será que a maioria esmagadora dos devedores estará informada que serão sujeitos a uma medida de coação que é registada como uma incidência?
A propósito de incidências registadas no Banco de Portugal e o seu efeito na vida das pessoas, como empresário que já fui, deixo uma pergunta para quem de direito, pensar numa resposta, a qual não existe a não ser, a do interesse objetivo do Estado, com o masoquismo que lhe é conhecido. Porque diabo levo com uma medida de coação, “incidência”, e o seu efeito, quando o próprio “Estado” de forma direta ou indireta é o maior incumpridor nos prazos de pagamento de serviços prestados? Aonde estão registadas essas incidências e qual o efeito para o incumpridor chamado Estado?
Não sou contra a eficácia de recebimento do Estado, nem tão pouco e também dessas cadeias virtuais, sou contra o facto de funcionar num sentido único que é a favor do Estado e contra os cidadãos, quando o Estado apresenta-se como o maior incumpridor de todos, e sem registos de incidências.
As Associações Empresariais se existem e se são isentas de interesses na defesa de seus associados, têm de exigir ao Estado as penalizações e medidas iguais ao que Estado exige às empresas e pessoas e com a mesma eficácia.
Sei que isto em nada dará, pois, os interesses hoje em dia são cinzentos e algures em alguma curva estes cruzam-se e o Estado exerce o seu poder sobre as empresas e as pessoas, e estes ajoelham-se incondicionalmente. É surrealista a relação do Estado com as pessoas e com as Empresas.
É por estas e por outras que seremos sempre uns miseráveis e sempre de joelhos para com a política pois precisamos sempre de alguma coisa. Esta é a forma dissimulada que a política tem de manter as pessoas e empresas de joelhos.
Vivemos num Estado Injusto e Masoquista, colocando as pessoas sempre de “Joelhos”.
“Erguem-se os cordeiros as vezes que forem necessárias até se tornarem Leões”!
Roberto Couto