A EDA – Electricidade dos Açores inaugurou ontem um inovador sistema de armazenamento de energia por baterias na ilha Terceira que representa “um passo significativo na integração de mais energias renováveis nos Açores, contribuindo para o reforço da autonomia energética”, revela a empresa em comunicado.
Esta nova infra-estrutura tem uma potência instalada de 15MW, distribuída por 6 inversores, e uma capacidade de armazenamento de 10,5 MWh (@EOF, End Of Live, isto é, “no fim de vida útil”).
Este projeto, concebido e implementado pela EDA, foi desenhado e construído pelo consórcio formado pela Siemens Portugal e pela Fluence e contou com a colaboração da EDP, como consultora principal de engenharia, e de outras entidades, como a Norma Açores, a EDP Labelec e a DIgSILENT Ibérica.
A inauguração, presidida pelo Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, representa assim, segundo a EDA, “a entrada em operação de um novo paradigma de gestão das redes elétricas no arquipélago açoriano.
Este novo sistema inclui um sofisticado software de gestão de micro-redes desenvolvido pela Siemens, e instalado na Terceira pela primeira vez em Portugal, que “permite monitorizar em tempo real todo o sistema elétrico da ilha e fazer estimativas mais aproximadas da produção e consumo de energia para vários dias e horas, com base em previsões meteorológicas e dados históricos”.
“Isto permitirá maximizar a integração de energias renováveis, em especial a eólica, a geotérmica e, futuramente, a solar, mantendo níveis elevados de qualidade, fiabilidade e continuidade no abastecimento eléctrico da ilha”, refere a empresa.
“Este projeto é um passo importante para o futuro sustentável da ilha Terceira e dos Açores”, afirma Nuno Pimentel, Presidente do Conselho de Administração da EDA.”O projeto permite-nos mitigar a instabilidade causada pela flutuação dos recursos renováveis intermitentes, como a energia eólica, e pode substituir reserva girante diesel necessária para lidar com os desafios de garantir a estabilidade da rede elétrica bem como os requisitos de qualidade da energia de um sistema isolado, como o nosso”.
Mais renováveis,
maior sustentabilidade
A nova infraestrutura, formada por baterias, aliada ao “inovador” sistema de gestão e monitorização das fontes de produção e do consumo de energia, “soma um conjunto de vantagens que contribuem para tornar a ilha Terceira mais sustentável”, refere-se.
Em primeiro lugar, “reduz a necessidade de utilização de grupos geradores térmicos e, em consequência, diminui o consumo de combustíveis fósseis importados – no total, estima-se uma redução de 1.152 toneladas de fuelóleo por ano, bem como da emissão de gases com efeito de estufa para a atmosfera em menos 3.636 toneladas de CO2 por ano”.
Outra vantagem passa por reforçar a quota de produção de energia elétrica a partir de recursos renováveis e endógenos da ilha para mais de 50%.
O investimento neste novo projecto ascendeu aos 14 milhões de euros, cofinanciado em 85% pelo Programa Operacional dos Açores 2020, através do FEDER - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. O projecto é marcante do ponto de vista tecnológico nos Açores, em Portugal e mesmo a nível europeu, pela “dimensão da capacidade instalada e pelas tecnologias inovadoras que incorpora e que reforçam a liderança global de Portugal na inovação e na transição energética. Projectos desta natureza serão imprescindíveis para assegurar a integração estável nas redes eléctricas de quotas cada vez mais elevadas de fontes intermitentes, como é o caso das energias renováveis, como a eólica e a solar”.
A EDA tem no seu plano de investimentos a implementação de projectos desta natureza, envolvendo sistemas de armazenamento de energia com baterias e de gestão de energia, nas restantes sete ilhas da Região, para além das ilhas Graciosa e Terceira. A implementação do projecto na ilha de São Miguel, que também é apoiado pelo Programa Operacional dos Açores 2020, está em curso desde o final de 2021 e deverá ficar concluído até final de 2023. A execução dos projectos para as restantes seis ilhas, previstos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), irá arrancar em 2023 e 2024, estando prevista a sua conclusão até final de 2025.