O Presidente do Governo Regional dos Açores deixou a garantia de que não existirá qualquer “exercício de ingerência” por parte da Estrutura de Missão para o Acompanhamento do Financiamento da Saúde (EMAFIS) no funcionamento dos Hospitais da Região. A polémica em torno deste assunto surgiu nos últimos dias depois do Executivo regional ter anunciado que Cristina Fraga, antiga Presidente do Conselho de Administração do HDES e que deixou o cargo depois de a grande maioria dos Directores de Serviço ter entrado em ‘rota de colisão’ com a médica, será a Presidente deste novo organismo.
“A criação de uma estrutura no quadro da Secretaria Regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública, reforço que não se dá no âmbito da Saúde, mas que terá obviamente um representante da Secretaria das Finanças e um representante da Secretaria da Saúde e presidido pela Dr.ª Cristina Fraga, não se trata de um exercício de ingerência”, explicou.
José Manuel Bolieiro realçou ainda que esta nova Estrutura se constitui como uma “oportunidade”, quer no “quadro de uma futura revisão da Lei de Finanças das Regiões Autónomas, quer no diálogo institucional entre o Governo dos Açores, o Governo da República e aliás em bom diálogo também com o Governo da Madeira, pensarmos como podemos partilhar o esforço financeiro de responsabilidade do Estado e com o apoio monetário para os sobrecustos que na insularidade, a Saúde tem”.
“É esta a orientação que será assegurada”, reforçou o governante.
O tema foi abordado, no Palácio de Sant’Anna, após uma audiência com a Ordem dos Médicos dos Açores que, pela voz do seu novo Presidente do Conselho Médico, Carlos Ponte, admitiu que esse foi um dos pontos abordados nesta reunião.
“Ficamos surpresos, com muita preocupação e vamos estar atentos a isto. Achamos que na nomeação (de Cristina Fraga) talvez tenha havido um bocadinho de falta de sensibilidade política. No entanto, somos Ordem, o Governo é Governo e vamos aguardar”, afirmou.
Outra das garantias deixadas pelo Presidente do Governo Regional, que destacou “não ignorar as dificuldades e as polémicas surgidas nestes últimos tempos”, prende-se com a “máxima autonomia” concedida ao novo Conselho de Administração do Hospital de Ponta Delgada.
“Para fazer o que tem de ser feito, de acordo com a boa execução do Plano do Governo, mas, sobretudo, nos interesses da eficiência, da paz e do envolvimento motivado de todos os profissionais do HDES. Isto fica assegurado pela nossa parte e igualmente por parte da Tutela e da nova Secretária Regional da Saúde e Desporto que, a seu tempo, tornará públicas as suas reflexões e a política publica na relação com todos os Conselhos de Administração das unidades hospitalares do nosso Serviço Regional de Saúde”, acrescentou.
Nova Secretária Regional da Saúde
Sobre a nomeação da nova titular da pasta da Saúde, Monica Seidi, o governante realçou que a mudança de Secretário “não altera” a linha seguida até aqui e o programa do Governo.
“Tenho plena confiança na capacidade política e técnica da Drª Monica Seidi, nova Secretária Regional da Saúde e Desporto, aliás médica, e que tem a experiência do trabalho em Urgência e conhece, por isso, bem o meio”, destacou.
Também sobre este tema, o Presidente do Conselho Médico dos Açores admitiu a existência de “boas expectativas” relativamente à entrada em funções na nova titular da pasta. Carlos Ponte revelou ainda que a Ordem dos Médicos irá agendar uma reunião com a Secretária Regional da Saúde.
Preocupações da Ordem
dos Médicos
Nesta que foi a primeira audiência do Conselho Médico dos Açores com o Governo Regional, Carlos Ponte manifestou a vontade “ajudar a resolver os problemas pendentes” e revelou as “três preocupações” transmitidas durante esta reunião.
“A primeira relacionada com a carência de médicos na região e os incentivos a criar porque as vagas que têm sido criadas, não são ocupadas”, começou por especificar. O Presidente do Conselho Médico dos Açores da Ordem realçou depois a necessidade da existência de uma maior “interacção entre as Unidades de Saúde e os Hospitais (…) um trabalho que permita uma melhor articulação entre a melhoria da qualidade de saúde a prestar aos açorianos e também a dignificação da nossa carreira”.
Carlos Ponte deixou ainda um convite, “a qualquer membro do Governo”, para que passe “24 horas na Urgência do HDES” de forma a se poder inteirar do trabalho realizado neste Serviço.