12 de fevereiro de 2023

Recados com Amor...

Meus Queridos! A minha Prima Maria da Praia telefonou-me esta semana para por a escrita em dia depois das Quintas-feiras… de amigos, amigas, compadres e a de comadres, que vai festejar-se na próxima Quinta-feira. Maria da Praia estava endiabrada, protestando contra uma tendência que está em voga por aí, segundo a qual a internet passará a ser usada pelos humanos e pelos animais… Segundo Maria da Praia, os animais têm o seu grau de entendimento, mas daí a coloca-los a usar a internet com os humanos vai uma longa distancia…. É a avant-garde no seu melhor. Depois, veio à baila o aumento constante dos bens de consumo, e agora a apregoada subida da electricidade para a indústria e comércio, que as empresas, de acordo com os seus cálculos garantem chegar a uma subida na factura mensal por volta dos 80%. Maria da Praia diz que não conseguiu ainda fazer as contas da subida que se anuncia, mas a ser assim, sempre quero ver como é que se vai poder comprar os produtos essenciais para a alimentação. Maria da Praia diz que se não houver um travão nessa escalada dos preços vai haver “bernarda” da grossa!

Meus queridos! A minha prima Maria dos Flamengos ligou-me esta semana para me dizer que estava espantada com a notícia que tinha ouvido e que dizia que o Governo do rectângulo tinha decidido transferir para a Câmara da Horta mais de um milhão de euros, dizendo que era o pilim para se iniciar o projecto de ampliação do aeroporto do Faial. A minha prima diz que não entende nada de gestão de aeroportos, mas sabe que aquele aeroporto é gerido pela ANA dos franceses Da Vinci, pelo que não percebe por que motivo é que o pilim vai para a edilidade faialense e se é ela que vai mandar abrir o dito concurso que ainda não se sabe se é para aumentar a pista ou para aumentar os espaços de segurança conforme as exigências da Europa. Diz a minha prima que pelo valor anunciado, em matéria de projectos aeroportuários aquilo não dá para fazer cantar um cego e até parece que estão a fazer com o aeroporto dos faialenses o mesmo que fazem com a cadeia de São Miguel. É só bagacina para os olhos e daqui a anos estamos todos a falar do mesmo. Mas é o que temos e ainda há quem atire roqueiras…


Ricos! Esta semana ficou marcada pelos violentos terramotos na Turquia e na Síria e daqui do nosso cantinho, nós que na nossa história sabemos bem o que significa este sofrimento, pouco mais podemos fazer que rezar, para quem crê e ter uma atitude de respeito e solidariedade para tantos milhares em sofrimento pelas mortes e pelas perdas. No entanto, infelizmente, nem a desgraça alheia, nem os grandes cataclismos são capazes de pôr cobro ou inverter esta onda mediatista e exploradora de tudo e de todos, como se vê em quase todos os canais de televisão que por aí pululam, ampliados ainda por cima pelas redes sociais. A onda de comentadeiros e encartados especialistas… até enoja e são quase sempre os mesmos que sabem de tudo. Num dia falam de guerra, noutro de finanças e noutro sobre os sismos e o que pode vir a suceder aqui e ali. Só falta dizer que recebem informação privilegiada através de médiuns ou cartomantes, para dizer tanta verdade ‘lapalissiana’, como aquela que Lisboa ainda há-de sofrer um grande evento destes, ou que nos Açores a sorte é que as falhas estão debaixo do mar e não em terra. Claro que eu sei que quem não quer ouvir muda de canal ou apaga o aparelho, mas um pouco de tento na língua não fica mal a esses especialistas do tutti-fruti…

Meus queridos! Enquanto uns ficam “engasgados” com o palco-altar para as Jornadas Mundiais da Juventude, outros estão bem preocupados com o caminho que muitas celebrações católicas estão a levar e que já precisam de uma atitude forte e corajosa de quem tem o dever de travar essa espécie de bandalheira que por aí vai. Ainda esta semana, a minha prima Maria da Praia mandou-me cópia de um desabafo de um padre da ilha de Jesus e que escreveu isto mesmo: “Fui a um encontro, com grupos que cantam em casamentos, (numa ouvidoria da ilha). Fiquei atónito. Deus é relegado para o último plano, e pergunto-me se não ficará mesmo fora do templo. Carrinhos de cantoneiro, com gelo e cerveja, no adro da igreja; noivos saindo do altar com garrafas de cerveja na mão; carrinhos telecomandados com ursinhos de peluche levando as alianças; cantoras dando espetáculo, com vestidos de noite, etc.; letras totalmente desadequadas, encaixadas em músicas feitas para outras circunstâncias; igrejas transformadas em bares, com música dos Beatles, na missa do dia de São Valentim. Houve um casalinho de namorados que me disse que, quando se querem divertir, vão a um bar; na igreja, procuram o encontro com o divino, através da elevação espiritual”. E o pobre padre ainda desabafava: “É preciso ser uma igreja pobre com os pobres, e devolver o Sagrado às nossas celebrações”. Se isto não dá que pensar, quo vadis? Igreja!


Ricos! Na passada semana, aqui nos meus recadinhos eu dizia que a minha prima Ernestina estava muito curiosa para conhecer a nova administração do HDES que está prometida pelo meu querido Presidente Bolieiro, e ela espera que o jejum passe rápido…. Para bem dos doentes e de toda a estrutura do maior hospital dos Açores… Mais uma vez parece que eu estava adivinhando, pois logo no dia seguinte houve fumo branco e foi anunciado o nome das novas presidentes, tanto do hospital, como da unidade de Saúde. Agora sabe-se que há as audições da praxe e a constituição da nova equipa directiva. Sendo uma gestora, resta esperar agora como vão reagir as diversas partes envolvidas num campo que se diz todo minado…. Mas o que se deseja é que o ruído não abafe o trabalho, tanto o que foi feito como o que será feito… Para quem anda nos corredores do Divino nota que há um suspense muito grande e há muita gente que anda a ver para que lado cair, mas tudo vai ter o seu tempo…. E espera-se que seja para bem de todos, principalmente dos doentes!


Ricos! Fiquei para Deus me levar quando ouvi, com estes que a terra há-de comer, um alto responsável da banca dizer que afinal não está tudo assim tão mal de pilim, porque muitos portugueses ainda se dão ao luxo de jantar fora às Sextas-feiras ou ir a espaços de diversão. Será que o rico sabe se quem janta fora tem casa para pagar ou dívidas para cumprir? Como é que um responsável por números cai na tentação de generalizar assim? Se calhar muitos daqueles que vão jantar fora acham que é melhor gastar o pilim do que tê-lo nos bancos que cobram juros de levar o coiro e cabelo pelos empréstimos, e andam a assobiar para o lado quando são confrontados com a pouca vergonha que é ter os juros do crédito a crescer todas as semanas sem aumentarem os juros das economias dos clientes que as tem depositadas na banca… É o que se chama avareza da banca que pode desembocar no crime de usura … e por cima ainda aconselham o Governo a ter cuidado com os juros dos certificados de aforro… Passa fora, com tanto descaramento…


Meus queridos! Não levei o meu vestido azul-bandeira, mas estive à sombra da velha araucária do Largo do Liceu a dar força aos alunos que se manifestaram na manhã de Sexta-feira por obras urgentes e por melhor mobiliário e equipamentos. Nas duas horas em que lá estive, senti-me a regressar aos velhos tempos do Liceu que era o super sumo do ensino em São Miguel, sem esquecer ou desmerecer a velha Escola Industrial e Comercial. Para quem esperava uma manifestação que descambasse para a política e partidos, enganou-se, até porque a maioria dos papás, mamãs e encarregados de educação estavam a trabalhar e preferiram deixar a voz aos filhos, professores e funcionários. Sempre pensei que este Governo tivesse um sentido de antecipação maior, mas afinal eu acho que quiseram mesmo fazer o teste do algodão. Pelo que vi, ricos, uma coisa é certa. Os miúdos da Antero de Quental não vão desistir. E neste momento não há quem atire pedras porque os telhados de vidro estão à vista…


Ricos! Na semana passada, o Teatro Ribeiragrandense abriu portas para acolher uma sessão de atribuição de prebendas que visavam distinguir alguns políticos e empresários da nossa praça. O promotor da festa foi o jornal de Vila Nova de Gaia, que reserva uma edição para o Concelho da Ribeira Grande, descrevendo notícias do Município… e que anualmente faz uma festa para entregar umas “taças” aos eleitos do ano. Ainda fui ao baú tirar o meu vestido de gala azul bandeira, na esperança de ser convidada, mas tal não aconteceu. Não fiquei abalada por isso, poupei as minhas nádegas de estarem quatro horas sentadas e ainda consegui saber pela minha amiga Inocência de Jesus, o que por lá se passou… E aos meus queridos que foram distinguidos… por serem mais do que as mães… não tenho espaço para os nomear, e por isso mando um repenicado beijinho a todos pela distinção! Inocência de Jesus disse-me que, no longo discurso de ocasião, o Director da publicação “Audiência”, resolveu discorrer sobre a situação dos jornais nos Açores, criticando os apoios públicos que segundo ele, são “dados” sempre aos mesmos…. Ora, o rico deve passar muito tempo em Vila Nova de Gaia, por isso, anda desinformado, e eu como sou conhecedora da matéria devido à minha sobrinha neta, que é jurista e sabe da poda, explicou-me que os apoios públicos para a comunicação social estão regulados e legislados, e são comparticipações específicas. O que quer dizer que todas as publicações com sede nos Açores podem concorrer. O rico diz que são “sempre os mesmos” pois são sempre os mesmos, por serem a generalidade dos que existem nos Açores…. E bem bom que são, porque é sinal que estão vivos apesar de todas as dificuldades,… coisa que o Director do“Audiência” diz não ter semelhantes dificuldades… A parte substancial dos apoios são destinados à difusão e distribuição dos jornais. Ou seja, verbas que servem para apoiar parte dos custos da distribuição, permitindo que os assinantes tenham acesso aos jornais por um custo inferior ao real custo de distribuição…. O dono do “Audiência” devia saber que a distribuição de jornais diários é diferente da distribuição de semanários e mensários... Juro que não sei qual é a zanga do responsável do “Audiência”, quando o seu Director perante a assembleia de convidados fez questão de afirmar que o seu jornal é impresso em Vigo, na Espanha, ao preço… “da uva mijona”. Juro que nunca pus o olho em cima de um exemplar do “Audiência”…. mas fiquei curiosa para saber como se faz semelhante milagre. É caso para dizer:.. “quem cabritos vende e cabras não tem de algum lado lhe vem” ….

 

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Autor: CA

Categorias: Maria Corisca

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