Rui Terra, Presidente da empresa Portos dos Açores

“Com a avaria de uma grua temos de flexibilizar o trabalho no porto de Ponta Delgada de modo a garantir todas as operações”

 Correio dos açores - A avaria numa das duas gruas que operam no porto de Ponta Delgada está a condicionar os trabalhos portuários…
Rui Terra (Presidente da Portos dos Açores) - Tivemos uma avaria numa grua, que foi reportada na Sexta-feira passada, e isso tem a ver com o uso normal das gruas e tem a ver com a substituição de um cabo de aço especifico certificado, que foi encomendado de fora. Por isso é que não conseguimos repô-lo de imediato. Por uma questão de segurança, para ninguém se aleijar e para garantir que quem trabalha com os equipamentos trabalha com uma taxa de segurança que entendemos que é adequada, decidimos parar a grua.
No entanto, não temos nenhuma operação condicionada. Temos uma grua a funcionar em pleno. Obviamente que não fará o trabalho no timing desejado como se trabalhássemos com as duas gruas, mas não temos nenhuma operação pendente, em suspenso, nem previsível suspender. Apenas a gestão das operações tem de ser feita de outra forma.

Quando prevê que a grua esteja reparada?
O timing do fornecedor para a entrega do cabo de aço de que estamos a falar,  varia entre um mês e um mês e meio. Neste momento, se dependesse de nós, a grua estaria pronta agora. Como depende do fornecimento de um cabo que tem de vir do estrangeiro, eles só conseguem garantir o prazo de um mês a um mês e meio. Estamos a fazer todos os esforços junto aos fornecedores e obviamente com a consciência que esta avaria tem um impacto relativamente grande na nossa operação. Estamos dependentes de terceiros para termos as duas gruas a operar, especialmente nesta altura que vai coincidir com a descarga de graneleiros…

Pode estar em causa a descarga de algum navio graneleiro com cereais?
Não.

Se o porto de Ponta Delgada tivesse três gruas, esse problema não estaria, à partida, resolvido?
Se tivesse cinco gruas era melhor do que ter quatro ou do que ter três. Neste caso são duas gruas que já têm alguma idade e tem um uso regular e exposição às intempéries que são frequentes. Obviamente que seria melhor e desejável a terceira grua. Neste momento, estão a ser feitos todos os esforços, ao nível da tutela, (Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e Infra-estruturas) para que sejam garantidos os financiamentos para a aquisição da terceira grua, conforme tinha sido falado no ano passado. Neste momento, estamos mais focados na reparação desta, que é a que nós temos, mas obviamente que se houvesse financiamento para avançar com a aquisição de uma terceira grua, na Portos dos Açores vamos criar condições para que o concurso decorra com a maior rapidez.
 
No ano passado chegou-se a falar na aquisição de uma terceira grua para o porto de Ponta Delgada…
No ano passado houve informações sobre isso. A senhora secretária falou sobre isso. Ficou a intenção de se avançar. Foi avançado o financiamento para o caderno de encargos, mas até porque estamos na transição de programas de financiamento da União Europeia, estamos a aguardar o regulamento do próximo programa de financiamento. Esta é a altura em que não conseguimos avançar com programas por não ter apoios de fundos comunitários. Ou seja, se avançássemos, neste momento, precisávamos de ter um contrato de programas do Governo que inteiramente cobrisse todo o financiamento, e estamos a falar de um valor de cerca de 4 milhões e meio de euros.
Neste momento, estamos a fazer todos os esforços para que se avance o mais rapidamente possível.

Garante então a normalidade no porto de Ponta Delgada, apesar da grua estar parada um mês e meio?
Não foi isso que eu disse. O que eu disse é: obviamente que as operações têm de ser flexibilizadas de maneira a garantir todas as operações. As operações não serão feitas no mesmo tempo, porque em vez de duas gruas, só temos uma.
Se me pergunta se o porto está a trabalhar normalmente, obviamente que não. Toda a operação do porto é idealizada para trabalhar com as duas gruas. Em que uma pode funcionar num navio e a outra pode funcionar noutro, ou podem funcionar as duas no mesmo navio se for um navio maior. Neste momento, só temos uma disponível, e o condicionamento é esse. Por isso é que temos de trabalhar com flexibilidade e obviamente tentar garantir todas as operações no mais curto espaço de tempo.

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O Presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, Mário Fortuna, manifestou-se, em declarações à Antena 1 Açores, com os “constrangimentos” provocados pela avaria na grua.
Também o PS de São Miguel  manifestou “preocupação” face aos “grandes constran-gimentos” que têm vindo a afectar a operacionalidade do Porto  e pediu explicações ao Governo dos Açores.         
                                                      

João Paz

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Autor: CA

Categorias: Regional

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