22 de janeiro de 2023

A grande riqueza e a grande pobreza

1- Foi divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística um conjunto de dados estatísticos, entre os quais os indicadores relativos ao risco de pobreza ou exclusão social no ano de 2022. Ao analisarmos os dados publicados sentimos um “soco no estômago”, ao contabilizarmos o crescimento da taxa de pobreza nos Açores relativamente ao ano de 2021 em 4,5 pontos percentuais, passando de 25,1%, em 2021, para 29,6% em 2022. Estamos em contra-mão com Portugal continental, onde o risco de pobreza no mesmo período queda-se nos 19,4%, isto é, 10,2% mais baixo do que nos Açores.
2- O risco de pobreza determina a condição da população residente cujo rendimento equivalente disponível se encontra abaixo da linha de pobreza, o que equivale a dizer que em média, 30 açorianos em 100 encontram-se abaixo da linha da pobreza, um número que fez tocar as “campainhas do Governo Regional”, que de pronto anunciou a encomenda de um Estudo ao Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra para saber as causas desse problema social que, quanto a nós, bem merece ser escalpelizado porque parece-nos que estamos perante um problema grave que nasce no comportamento da sociedade que temos.
3- E não vale a pena assacar as responsabilidades às empresas e aos empresários, como se depreende de alguns especialistas que perante as circunstâncias repetem os pressupostos que constam das sebentas que modelam os estudos. É que o desemprego baixou na Região, mesmo que os vencimentos sejam parcos para fazer frente ao actual custo de vida. Porém, a verdade é que falta mão-de-obra para responder à oferta, e encontrar quem esteja disposto a trabalhar. É preciso fazer contas à economia paralela que não entra nas estatísticas, mas dá emprego e gera rendimento. Vamos esperar pelo estudo que virá de Coimbra para saber quem tem o passo certo nesta matéria em que os números em si dão que pensar.
4- O Governo finalmente percebeu que o PROMEDIA está em vigor até que o novo programa, que ainda está em preparação, seja aprovado pela Assembleia Legislativa. Com tal decisão evitou-se uma catástrofe da Comunicação Social, tal como alertavam os jornais numa carta subscrita por todos, dirigida ao Senhor Presidente do Governo, que tem a seu cargo a área da Comunicação Social, e na qual pediam uma audiência dentro de um principio de proximidade entre quem governa e quem é governado.
5- O Presidente da República, em declarações recentes aos jornalistas, não exclui a hipótese de demitir o Governo e convidar António Costa a constituir um novo Governo se o Ministro das Finanças, Fernando Medina, tiver de apresentar a demissão devido ao processo de investigação à Câmara de Lisboa. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa quer um Governo estável, para o País, sobretudo num ano anormal como é o de 2023, mas as coisas estão difíceis.
6 - Não podemos deixar de falar sobre o Fórum Económico Mundial que esteve reunido em Davos na Suíça. É que, independentemente, do que disseram os que passaram pela passerelle dando a sua opinião e puxando a brasa à sua sardinha, houve um apelo renovado dos muito ricos para que os Estados taxem as suas grandes fortunas para serem aplicadas na redução da pobreza que continua a crescer em todo o mundo, e nos Açores também.
7- De acordo com o relatório apresentado no Fórum de Davos pela Oxfam, 1% dos mais ricos do mundo ficaram com quase 2/3 de toda riqueza gerada desde 2020 – cerca de 42 trilhões de doláres – , seis vezes mais dinheiro do que 90% da população global (7 bilhões de pessoas) conseguiu no mesmo período. Pela primeira vez em 30 anos, a riqueza extrema e a pobreza extrema cresceram simultaneamente.
8 - Estes dados devem gerar vergonha aos países que acumulam todo essa riqueza e cometem o crime se não lançarem um imposto anual sobre a riqueza de até 5% sobre os super - ricos que, segundo o estudo da Oxfam, representa um valor de 1,7 trilhão de dólares por ano, o que dá para que 2 bilhões de pessoas saiam da pobreza, criando, desse modo, um plano para em 10 anos acabar com a fome no planeta.
9 - A taxação fica do lado da democracia e assim façam os governantes para não serem vítimas da sua inoperância.

Américo Natalino Viveiros

 

 

 

 

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Autor: CA

Categorias: Editorial

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