Correio dos Açores – Qual o seu percurso académico?
João Figueiredo - O meu percurso académico é um pouco curioso. Saí de santa Maria, quando terminei o 12º ano, para ir estudar para o INOVA em São Miguel, onde frequentei um curso de telecomunicações, que em nada tem haver com a minha actual área de formação.
Após o primeiro ano do curso, acabei por concluir que não correspondia àquilo que queria para a minha vida, pelo que decidi ingressar no ensino superior. Assim, mudei radicalmente de curso e fui para o continente, tirar uma licenciatura em Gestão da Construção, no Politécnico de Setúbal - Escola Superior e Tecnologia do Barreiro.
Residi três anos no Barreiro e após terminar os meus estudos decidi regressar a Santa Maria, para fazer o Estagiar L na Câmara Municipal de Vila do Porto. Paralelamente ao estágio, fui tirando algumas especializações, tais como o CET em construção e obras públicas, pós-graduação em Higiene e Segurança no Trabalho, e especialização em Avaliação Imobiliária, com um curso certificado pela CMVM - Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
Qual a história da BuildingAzores?
A ideia de criar a BuildingAzores surgiu quando estava a decorrer o Estagiar L na Câmara Municipal de Vila do Porto. Nessa altura, verifiquei que havia uma lacuna na ilha, nomeadamente pela falta de oferta de um serviço completo, na área do imobiliário, projecto e consultoria, a quem chegava a Santa Maria, principalmente com o nicho de mercado dos investidores estrangeiros que procuravam a ilha.
Quando comecei, a título individual, não estava estruturado para prestar um serviço tão completo quanto o que a empresa presta hoje em dia. No entanto, esse sempre foi o meu objectivo desde o início. Com o passar dos anos, e com o crescimento da empresa, fui conseguindo estruturar a empresa, de forma a conseguir acompanhar o cliente desde a fase de aquisição do terreno, propriedade ou moradia, à execução do projecto, acompanhamento e desenvolvimento do mesmo. Numa fase mais recente, oferecemos a possibilidade de fazer a gestão/manutenção das propriedades.
No que diz respeito à vertente imobiliária, temos uma oferta completamente diferenciadora da concorrência, na medida em que é nossa preocupação, desde o primeiro contacto, a participação activa no desenvolvimento dos projectos pretendidos pelos clientes. Prestamos, também, desde logo, consultoria, ao nível dos projectos que os clientes pretendem desenvolver, tendo como principal foco a recuperação do património da ilha que se encontra em ruínas. A reabilitação é uma forte aposta da empresa. Além disso, temos apoio jurídico, com gabinetes locais de solicitadoria e advocacia, para a legalização de propriedades. A empresa tem, ainda, uma grande ligação ao mercado e comunidade emigrante, nomeadamente, nos Estados Unidos da América e Canadá, sendo este mercado emigrante um grande potenciador do desenvolvimento da empresa. Aproveito a oportunidade para agradecer, desde já, a confiança, o carinho e o apoio que têm demonstrado no crescimento e desenvolvimento da empresa.
Quais são as suas funções na empresa?
Conforme referi, a BuildingAzores presta vários serviços. Neste momento, faço um pouco de tudo, no entanto, com o crescimento da empresa e com o número de colaboradores também a aumentar, existem cada vez mais serviços que eu delego nos meus colaborares, pois não consigo ‘apagar todos os fogos’. Toda a vertente da imobiliária da empresa passa por mim, desde a angariação e promoção imobiliária. No escritório, na parte dos projectos, a minha actividade principal passa pela coordenação e gestão dos projectos que são desenvolvidos pela minha equipa. Ao nível de trabalho de campo, sou o responsável pela fiscalização, coordenação e gestão dos projectos que executamos para os nossos clientes.
Importa referir que, no final do ano passado, decidimos implementar um novo serviço na BuildingAzores, que passa por deslocarmo-nos com frequência ao Estados Unidos da América e, futuramente, ao Canadá. O propósito destas deslocações é reunir com os nossos clientes, assim como atrair novos investidores destes mercados e, sobretudo, estreitar relações com a nossa comunidade de imigrantes, no que diz respeito aos serviços que prestamos, com principal destaque para a imobiliária. Pretende-se, com isto, que nos cedam as suas propriedades para venda, legalização, ou até mesmo para reconstrução do património.
Consideramos que este contacto, mais próximo e frequente, será benéfico para ambas as partes, porque os imigrantes que não se conseguem deslocar a ilha com frequência sentem que estamos mais presentes. Além disso, é igualmente importante, para nós, visto que, estando mais presentes, conseguiremos distribuir o volume de trabalho pelo ano todo, ao invés de acumular tudo para a época alta (Verão), onde as solicitações são muitos e dada a nossa limitação em termos de estrutura (equipa) não conseguimos chegar a todo o lado.
A nossa primeira viagem foi em Novembro do ano passado e tivemos um enorme sucesso. Apenas numa semana de reuniões tivemos uma adesão gigante, o que nos motiva a continuar com esta ideia e iniciativa.
Quais os sucessos e insucessos da empresa?
Julgo que temos tido bastante sucesso com o projecto que estamos a desenvolver, aliás isso é notório com o crescimento que a empresa apresenta nestes sete anos de existência. Os insucessos prendem-se, a maior parte das vezes, com o facto de não conseguir corresponder, como gostaria, a todas as solicitações que vamos tendo e, ainda, com os eventuais atrasos que afectam os nossos clientes, os quais nem sempre são da nossa responsabilidade, uma vez que trabalhamos com várias entidades. Isso é o que me faz ficar mais frustrado.
Qual o feedback dos vossos clientes?
O feedback é bastante positivo e é o que nos motiva a continuar a desenvolver os trabalhos executados até à data.
Quanto ao feedback menos positivo, que infelizmente por vezes acontece, encaro-o como uma forma de tentar evoluir e ultrapassar os eventuais erros ou falhas que ocorreram. Olho sempre para as críticas de forma construtiva como incentivo a melhorar os serviços prestados pela empresa.
De que forma a BuildingAzores tem ajudado a desenvolver Santa Maria?
Creio que estamos a ter um contributo bastante importante no desenvolvimento da ilha, no que diz respeito à reconstrução do nosso património. A selecção dos clientes com quem trabalhamos, no que diz respeito ao investimento estrangeiro, é cada vez mais importante, para nós, não só pela recuperação do património, mas também pela inserção, em termos económicos e sociais, destes investidores na ilha. Daí oferecermos um serviço completo, em que acompanhamos os nossos clientes desde a sua chegada até à chave na mão. Isto é algo que nos deixa realizados com o serviço prestado.
Considera Santa Maria o sítio ideal para viver e desenvolver os seus projectos? A ilha é o limite?
Sem dúvida que, desde sempre, Santa Maria é o meu cantinho. Aqui, sinto-me tranquilo a viver e sinto que tenho qualidade de vida, para mim e para a minha família. Por vezes, quando tudo está a correr mal, já pensei em ir embora, mas isso passa em cinco minutos, porque a energia transmitida aqui é muito grande. A meu ver, a ilha tem um potencial de desenvolvimento enorme e, se fizermos bem o nosso trabalho, vai ser um cantinho muito apetecível para muita gente. Como sou um sonhador, sim, a ilha é o limite…
Tem havido uma evolução crescente nos últimos anos nos Açores?
Julgo que existe um crescimento exponencial nos Açores, principalmente nas ilhas maiores, onde se verifica uma enorme procura por parte de investidores. No entanto, a crescente procura no mercado imobiliário tem sido também notória nas ilhas mais pequenas e Santa Maria não tem sido excepção.
Recentemente, decidimos apostar no mercado americano que, como demonstram as estatísticas, tem um enorme crescimento em Portugal, e os Açores não têm sido excepção, pelo que tem dado resultados.
Como perspectiva este ano que acaba de começar?
Perspectivo-o com muito trabalho e alguma apreensão. Sabemos que poderão haver ligeiras quebras na procura de algum mercado específico, devido à crise financeira, porém a situação que estamos a atravessar será também uma atracção para determinados mercados, com os quais já trabalhamos há alguns anos e é aí que vamos apostar. Julgo que iremos continuar a ter bons resultados, e por isso penso, e espero, que não haverá uma redução significativa do volume de trabalho que a empresa tem.
Que projectos tem em carteira para o futuro?
Temos alguns projectos em desenvolvimento, nomeadamente casas de férias para o mercado estrangeiro. Temos, também, alguns projectos na vertente turística. Gostaria de destacar um projecto que estamos a desenvolver há cerca de dois anos, com um cliente sul africano. Estamos esperançados que 2023 seja finalmente o ano de arranque deste projecto no terreno. Estamos convictos de que este será um projecto completamente diferenciador e inovador para Santa Maria, comparativamente àquilo que existe a nível de oferta turística na ilha.
Carlota Pimentel