Um projecto-piloto para rastreio do cancro do pulmão está a ser preparado este ano e deve avançar em 2024 nos Açores, de acordo com o Secretário Regional da Saúde e do Desporto, Clélio Meneses.
O governante avançou, ontem, ao Diário Insular que este tipo de cancro “em termos estatísticos, no período entre 1997 e 2016, é o mais prevalente” no arquipélago.
O projecto-piloto deverá ser inovador. “Não há propriamente experiências deste tipo de rastreio. Não existem programas organizados na Europa de rastreio ao cancro do pulmão. Há projectos-piloto, por exemplo, no Reino Unido”, explicou.
Segundo Clélio Meneses, trata-se de “um rastreio complexo, em termos do próprio diagnóstico, que exige um determinado tipo de equipamentos, mais específicos”.
O rastreio apresenta-se “mais complexo também em termos financeiros”, referiu.
Clélio Meneses frisou que os ganhos em saúde justificam o investimento. “Prevenindo-se este tipo de cancro, é menos penoso para as pessoas e para o sector na Região”, vincou.
De acordo com o Secretário Regional da Saúde, foi iniciado um estudo, através do Centro de Oncologia dos Açores (COA), que pretende realizar uma avaliação prévia dos requisitos, custos e benefícios do rastreio. “A ideia é começarmos com um projecto-piloto numa determinada Unidade de Saúde, para, a partir daí, replicarmos para toda a Região”, afirmou Clélio Meneses.
“A nossa realidade arquipelágica é também um factor que dificulta a implementação de um projecto desta dimensão. Por exemplo, a forma cientificamente entendida como a mais adequada é através da tomografia computorizada de baixa dose. Isto levanta muitos desafios, na medida em que nem todos os equipamentos têm esta faculdade e nem todas as ilhas têm este equipamento”, enquadrou.
O governante referiu que “este ano é para construirmos o edifício organizacional e de procedimentos deste projecto-piloto, para o implementarmos, em concreto, no próximo ano”.
Quanto à Unidade de Saúde que acolherá o projecto-piloto, Clélio Meneses afirmou que depende do estudo em curso. “Queremos que haja eficácia, para termos dados de interpretação da eficiência do projeto”, justificou.
O Secretário Regional ressalvou que “medidas como o rastreio devem ser acompanhadas de um conjunto de outros passos, a nível da prevenção, de consultas antitabágicas e da sensibilização antitabágica”.
Questão “técnica”
Também ao DI, o Secretário Regional com a pasta da Saúde reforçou que o pagamento das horas extra aos médicos no Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira vai ser garantido de acordo com o novo diploma e atribuiu algum atraso face a uma “questão técnica”.
“Estamos a falar de questões do próprio sistema informático. Há programas informáticos contabilísticos, que, obviamente, não cabe ao Secretário trabalhar neles e que estão preparados para que as horas sejam pagas de uma determinada forma. É necessário alterar tudo isso. São questões meramente técnicas e que estão a ser ultrapassadas para que todos recebam exactamente da mesma forma, em qualquer parte da Região”, vincou.
Lamentou ter-se dado
“importância política
ao que é meramente técnico”
“Também estamos a trabalhar para alterar o diploma de pagamento do trabalho suplementar médico. Vai realizar-se uma reunião (com os sindicatos que representam os médicos) ainda na primeira quinzena deste mês, para tentarmos encontrar uma redacção que seja consensual”, assinalou Clélio Meneses.