No top dos 6 municípios que registaram, entre 2011 e 2021, um aumento no número de crianças até aos 14 anos, a Madalena destaca-se a nível nacional ao ultrapassar todos os concelhos da Região Norte, Madeira e Açores, demonstrando, segundo o Presidente da Câmara, José António Soares, “a eficácia das políticas de incentivo à natalidade dinamizadas pela autarquia, que desde a criação do projecto “Madalena Bem Me Quer” já apoiou cerca de 300 famílias.
Vinte e sete casais receberam, ontem, das mãos do Presidente da Câmara Municipal e dos seus vereadores o kit de natalidade do município da Madalena, uma iniciativa da autarquia dinamizada com intuito de “incentivar a natalidade, neste que é por excelência um dos Concelhos com a mais alta taxa de nascimentos em todo o país”.
“A par da oferta de produtos essenciais ao bem-estar do bebé, como fraldas, toalhitas, óleos e hidratantes”, o projecto “Madalena Bem Me Quer”, criado em 2016, preconiza ainda “o acompanhamento dos recém-nascidos, nos primeiros dois meses de vida, sempre que solicitado pelos progenitores ou pelos seus representantes legais”.
Inserido na estratégia da edilidade de combate à desertificação demográfica, o programa tem registado um número “crescente de participantes ao longo dos últimos anos, dando um importante contributo na fixação de jovens, na Madalena, reforçada através de outras medidas complementares, como a venda de lotes para habitação e a atribuição de bolsas de estudo”.
Apoiando os casais, a autarquia tem ainda implementado múltiplos projectos de conciliação da vida familiar e laboral, nomeadamente as Ludotecas, o “MadalenAventura”, o “Férias em Movimento” e as “Oficinas de Verão”, que visam fomentar a ocupação de tempos livres dos mais jovens.
Madalena entre os melhores
Vila do Bispo (19,3%), Aljezur (15,87%), Vila Velha de Ródão (10,27%), Montijo (5,96%) e Odivelas (1,55%) e Madalena, nos Açores (0,46%) – são os únicos municípios que viram, na última década, aumentar o peso da população infantil sobre o total de residentes. No entanto, as mães estrangeiras já respondem por 13,6% dos nascimentos, de acordo com os dados dos últimos Censos.
Ao todo foram 1.104 crianças, uma excepção num país que viu, entre 2011 e 2021, perder mais de 241 mil menores nesta faixa etária, sendo que apenas em Vila Velha de Ródão e Aljezur baixou o índice de envelhecimento em Portugal.
Apenas 10 municípios alargaram a base da sua pirâmide etária: quando o país registou 12,9% na faixa 0-14 do total da população em 2021 (menos dois pontos percentuais do que em 2011), já os mais de 65 subiram para 23,4% (mais 4,4 pontos percentuais.). São já mais de 414 mil residentes maiores de 65 anos, ou seja, 182 idosos por cada 100 jovens, ao contrário dos 128 em 2011. Portugal perdeu ainda um total de 2,1% dos seus residentes.
No que diz respeito a mães estrangeiras, Aljezur, com 58,7%, e Vila do Bispo, com 41,1%, lideram de forma destacada a realidade nacional – em 2021, os nascimentos de nacionalidade estrangeira respondiam por 13,6% contra 10,3% dos Censos anteriores: chegam mesmo aos 25,4% no Algarve e aos 22,3% na Área Metropolitana de Lisboa, as duas únicas regiões do país que viram aumentar a população residente na última década.
“A única forma que temos de não perder tanta população é tendo saldos migratórios positivos [mais entradas do que saídas], essencialmente de tipo laboral, porque vai contribuir para reforçar as idades centrais, férteis, reflectindo-se nos nascimentos, contribuindo para que a população mais jovem não diminua ou até aumente”, explicou a demógrafa Maria João Valente Rosa, sublinhando que a “realidade do país não é heterogénea”.
“Até 2040 vamos continuar a envelhecer mas os movimentos migratórios podem atenuar a intensidade”, salientou Valente Rosa.