6 de dezembro de 2022

Opinião

A paz voltará ao HDES?

 O nosso povo costuma dizer que com a saúde não se brinca! É uma verdade irrefutável.
O que tem acontecido no HDES, desde que o actual governo tomou posse, é muitíssimo grave e não pode ficar sanado pela simples demissão deste ou daquele responsável. 
Em meu entendimento, há que apurar responsabilidades a todos os envolvidos nesta polémica. Desde, os incompreensíveis dois titulares da pasta - Vice-Presidente do governo e Secretário Regional  para a Saúde – até aos próprios chefes clínicos do, quer queiram quer não, maior hospital da Região.
Baseado em informações avulsas que fui anotando, já em Maio deste ano e sob o título - O Hospital do Divino Espírito Santo está doente -  eu chamava à atenção a quem de direito, para o que se estava a passar naquela unidade hospitalar, principalmente desde a demissão do seu director da oncologia Dr. Rui San-Bento que, ao que me informaram então, não estava para “aturar” uma administração que só criava problemas àquele serviço, em vez de os resolver a contento. 
Confesso não ter presente neste momento se, quando o Dr. San-Bento se demitiu, já era o actual Conselho de Administração a gerir os destinos do HDES ou se era outro. Porém o que quero sublinhar é que os problemas do hospital de Ponta Delgada já vêm de longe, não são se agora!
Entretanto, desde que estas polémicas surgiram quantos doentes foram negligenciados nos seus direitos à saúde previstos na Constituição da República? 
Será que alguns morreram por falta de assistência, ou por assistência tardia?
Meus amigos! Nós não podemos ficar à mercê dos critérios deste ou daquele político que não cumpre a lei, como é o caso de exigir mais do que as 150 horas extraordinárias previstas na lei.
Para além disso, a classe médica tem de ser bem paga. Em todo o mundo é assim. Não podemos estar a tratar um clínico como se fosse um vulgar trabalhador indiferenciado acusando-os de, usar como moeda de troca o seu nível salarial. 
E quem fala dos médicos fala dos enfermeiros, dos técnicos superiores de diagnóstico, etc.
Volto a trazer à colação a questão do Hospital Internacional dos Açores. Porque é que, este governo, não faz um acordo com aquela unidade hospitalar para as valências para as quais o HDES não tem resposta adequada?
Como micaelense e como utente do HDES, onde já fui intervencionado na urologia e na cardiologia, com resultados óptimos, como está bem de ver, e ainda, por já ter uma idade avançada – diria, à moda de Água Retorta, que não me estão rasgando os dentes – tenho receio de que estas tricas políticas façam com que a qualidade do corpo clínico do HDES se deteriore e não corresponda às necessidades da população da maior ilha da Região.
Espero que, independentemente das “juras de fidelidade no futuro” dos partidos da actual coligação governamental se escolha, para administrar o maior hospital da Região, uma equipa coesa, competente e sem olhar a cores políticas.
Por outro lado e no que a vencimentos diz respeito, já é tempo de perceber que, para além de vencimentos equiparados tanto para os de cá como para os de fora, há que ter contrapartidas para oferecer a quem para cá quiser vir trabalhar, como aliás se faz na Região Autónoma da Madeira.
Os chamados incentivos, para além de salários, podem traduzir-se em facilidades de colocação de familiares, disponibilidades de creches, facilidades de transporte, etc.
Uma coisa é certa, quando, nos anos setenta, se aceitou a saúde como serviço periférico, não se imaginou os custos de tal aceitação.
Na altura da criação do Serviço Nacional de Saúde tendencialmente gratuito, que nos Açores se chama Serviço Regional de Saúde, não houve nem a arte nem o engenho para exigir de Lisboa o respectivo envelope financeiro que tal medida implica, atendendo às nossas especificidades. 
Como sempre, também nesta matéria, fomos negligentes.
Para não variar!
                                              4DEZ2022


P.S. 1 – Já tinha redigido o presente trabalho quando surgiu a notícia de que, por via da “guerra no HDES”, tinha sido transferido para o Hospital da Terceira um doente que necessitava de intervenção cirúrgica. Motivo? A equipa de cirurgia do HDES não estaria completa por falta de um cirurgião suplente (?).
Com o Hospital Internacional dos Açores a 7 quilómetros de distância do HDES, não entendo que se transfira um doente para tão longe, fazendo tábua rasa dos inconvenientes que tal medida acarreta para o doente e familiares, contrariamente ao que alegaram para a instalação de equipamentos e demais valências no Hospital de Angra.
Afinal quem são os centralistas?
Que o doente regresse a casa devidamente curado é o que se deseja.
P.S. 2 – Texto escrito pela antiga grafia.

Carlos Rezendes Cabral

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