22 de novembro de 2022

Opinião

Em defesa do hospital do Divino Espírito Santo

 O que ultimamente tem acontecido no Hospital do Divino Espírito Santo, desde que o actual governo tomou posse, é de bradar aos céus.
Há poucos dias, entendeu o Vice-Presidente do Governo Regional de ofender os médicos do HDES afirmando que os médicos devem ser bem remunerados, mas, não podem usar o dinheiro como moeda de troca para dispensarem cuidados de saúde aos seus doentes (sic).
Chamo à atenção dos leitores que ele estava a falar para os médicos que prestam serviço no hospital de Ponta Delgada porque, quando surge algo no Hospital do Santo Espírito da Ilha Terceira, o assunto raramente vem a público porque é logo resolvido, nem que custe os “olhos da cara” ao contribuinte.
Para dar só alguns exemplos deste tratamento diferenciado - para melhor no HSEIT -lembro os casos das instalações da radioterapia, da medicina nuclear, da estação de tratamento de águas para a hemodiálise, só para citar os mais recentes.
Claro que os médicos do HDES não gostaram das palavras do senhor Vive Presidente, até porque vivem do seu trabalho – ao contrário de outros que se metem na política porque, talvez, são menos capazes no exercício da medicina.
Assim, os visados nesta verdadeira “declaração de guerra”  mostraram-se indisponíveis para trabalhar para além do que está regulamentado e contratualizado exigindo, do senhor Vice-Presidente do Governo Regional dos Açores, um pedido de desculpas, o que, até à data em que escrevo, ainda não aconteceu.
Com esta atitude dos clínicos do HDES, a qual foi subscrita pela esmagadora maioria dos médicos que exercem a sua profissão nestas ilhas, foram criadas ainda mais dificuldades na organização dos diversos serviços, para além das que já existem a vários níveis.
Como classificou no Diário dos Açores do passado dia 17 do corrente mês a Jornalista Teresa Nóbrega, quanto a mim muito bem, parece haver duas classes de hospitais: os hospitais ricos e os hospitais pobres. 
Enquanto que em Angra do Heroísmo, cidade património mundial, como gosta de ser chamada, tudo parece andar sobre rodas, em Ponta Delgada, as necessidades são mais do que muitas,  desde a falta de equipamentos nos laboratórios, à actualização das instalações de certos serviços e outros. 
Para vergonha do governo, o HDES tem sido objecto de doações de entidades privadas, colmatando assim a falta de investimento governamental. Foram as ofertas de camas, macas, cadeiras de rodas, ventiladores, andarilhos e outros.
Mais uma vez, é a sociedade micaelense a resolver os seus próprios problemas, enquanto que outros são beneficiados pelo erário público.
Quem não se recorda de, quando surgiu a pandemia, ter sido necessário enviar para a Terceira as colheitas para análise COVID porque, o maior hospital da Região e o que mais população serve, não tinha meios para analisar as ditas colheitas?
O nosso povo diz que com a saúde não se brinca! Ora, o actual governo parece estar a brincar com a saúde dos micaelenses e de quem aqui vive. Isto porque menospreza uns em favor de outros.
Por outro lado não entendo o motivo por que existem dois titulares para a área da saúde. Eu desconfio qual o motivo pelo qual o responsável regional do semi-desaparecido CDS/PP exigiu do líder da “geringonça” ter parte da pasta da saúde. 
Para mim, esta exigência, só veio demonstrar fraqueza de liderança na coligação,bem como, demonstrar o bairrismo doentio de que padece o Vice-Presidente do governo.
Julgo que, nas próximas eleições, isto vai custar caro ao Dr. Bolieiro, mais conhecido por “bombeiro do governo”. 
Ainda na área da saúde, nomeadamente no que diz respeito a tratamentos psiquiátricos e a toxicodependentes, o governo parece dever ao Instituto São João de Deus, a módica quantia de 6,5 milhões de euros. 
Pelo que veio a público, tanto o senhor Vice Presidente como o senhor Secretário Regional da Saúde, ainda não encontraram verbas para pagar aquela dívida, nem sequer de actualizar as diárias.
Voltando ao HDES, como utente daquela unidade hospitalar, preocupa-me esta passagem para segundo plano do maior hospital da Região. Exijo equidade de tratamento.
Também me preocupa a falta de colaboração com o Hospital Internacional dos Açores que, pelo que me dizem, tem equipamentos de ponta. Este governo parece não estar para aí virado! Há anos, houve um responsável pela saúde de um governo socialista que disse ser necessário fazer com que houvesse turismo de saúde em Angra do Heroísmo. Será que os dois actuais responsáveis do sector querem concretizar o que então foi só um manifesto desejo?
O diabo que o jure!

           Carlos Rezendes Cabral
           P.S. Texto escrito pela antiga grafia.
           20NOV2022


 

Print

Categorias: Opinião

Tags:

Theme picker