Luís Miguel Sousa, responsável pelo Grupo Sousa, proprietário de seis navios de transporte de mercadorias que liga, de 15 em 15 dias, Lisboa e Leixões aos Açores, inaugurou ontem na Azores Park uma plataforma logística de 30 mil metros quadrados.
Tratou-se de um momento histórico para o grupo empresarial, que faz também ligações com Cabo Verde, Guiné-Bissau, com as Canárias e que opera com praticamente todo o mundo.
Luís Miguel Sousa fez, na altura, uma intervenção, onde manifestou disponibilidade para incrementar a actividade do Grupo, que tem 310 milhões de euros de capitais próprios nos Açores, agindo “com prudência e segurança” num sector que, como admite, “é fortemente competitivo”.
O empresário começou por caracterizar o Grupo: “Somos transportes marítimos, operação portuária, operadores de operação portuários de passageiros e de carga. Somos logística, somos energia, mas também somos parcerias, foco no cliente e no serviço”.
“Somos competitividade e inovação num mercado cada vez mais global e exigente. Somos estabilidade, projectos de longo prazo e responsabilidade”, reforçou.
Um grupo empresarial que é, igualmente, “compromisso com todos os take-overes. “Somos sustentabilidade social, ambiental e económica. Somos ética, inclusão e responsabilidade social,” princípios sublinhados por Luís Miguel Sousa, que seriam reassumidos, posteriormente, pelo Presidente do Governo, José Manuel Bolieiro
Tecnologias de ponta
na plataforma logística
O empresário considerou que está instalado na plataforma logística um modelo com “tecnologia de ponta que nos coloca ao nível do melhor que é feito no sector, que vai permitir melhorar substancialmente as operações associadas aos transportes e que estará ao serviço dos Açores com valências muito importantes para o circuito logístico das exportações e do abastecimento desta Região Autónoma”.
Esta infra-estrutura, disse, dispõe das “mais recentes tecnologias e a sua gestão é feita integralmente por um sistema informático que gere também a ligação os clientes, ao transporte marítimo e aéreo, a frota de distribuição terrestre (…) de forma integrada e automatizada”. Um sistema gere também a segurança e os níveis de acesso.
Trata-se de um investimento de onze milhões e meio de euros que foi apoiado pelo Governo dos Açores, no âmbito dos programas de incentivos que gerem os fundos comunitários.
Foram criados 40 postos de trabalho directos aos quais “vão acrescer os postos de trabalho dos nossos clientes que irão utilizar os espaços que estão disponíveis para a sua actividade económica”, disse.
Deixou claro que o Grupo conhece “muito bem este sector de actividade, aberto, e de livre acesso, fortemente concorrencial, mas onde queremos continuar a aprofundar o nosso envolvimento e a nossa capacidade de competir, de inovar e de procurar permanentemente a excelência pelo serviço que prestamos”.
Terminou, reafirmando que “podem contar com o nosso empenho na procura permanente de melhor servir. E estamos abertos a procurar em cada momento a melhor solução na certeza de que é na vossa confiança que consolidamos o nosso percurso enquanto Grupo ao serviço dos Açores, da sua população e das suas empresas”.
Bolieiro: “força pela
sustentabilidade social”
Na ocasião, o Presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, distinguiu “o impulso empreendedor” do empresário Luís Miguel Sousa, “a sua visão estratégica, e atlântica que permite estar a presenciar nos Açores, em São Miguel, um investimento verdadeiramente impressionante, catalisador e estou convencido, igualmente, que é impulsionador na nossa economia.”
Exercendo, a sua “plena liberdade de cidadania”, José Manuel Bolieiro associou-se aos “princípios e valores que o Dr. Luís Miguel Sousa identificou como sendo os do seu Grupo. E creio que os nossos grupos empresariais nos Açores que acompanham estes princípios, muito me honram e enalteço sem exclusão: força pela sustentabilidade ambiental, social, económica, garantia de eficiência, criação de riqueza, empregabilidade sólida, e evidência de uma marca, no nosso caso, a Marca Açores”.
Realçou que estas “políticas públicas estratégicas que assumimos nesta governação, nalguns casos disruptiva, acompanha estes valores e estes princípios pela sustentabilidade ambiental dos Açores, pela sustentabilidade social de cada uma das nossas ilhas, pela sustentabilidade económica, do empreendedorismo e da criação de riqueza em cada das nossas ilhas, para os Açores e para o mundo”.
Dinheiros públicos “não são
para satisfação de clientelas”
Deixou uma nota no que diz respeito “à responsabilidade de gestão do erário público disponível para o investimento, de co-financiamento reforçado com os instrumentos financeiros da União Europeia, da própria da Região e do seu próprio orçamento, da nossa circunscrição fiscal tributária e própria. Sim, vale a pena assegurar meios financeiros, assegurar uma estratégia tributária amiga do investimento que dê retorno à concretização dos princípios enunciados pela sustentabilidade na sua plenitude”.
Estes “são dinheiros públicos, não para satisfação de clientela ou arrastar a ineficiência do presente para o futuro, mas antes para alavancar empreendedorismo, criação de riqueza, retorno para o desenvolvimento da nossa sociedade e da nossa economia. É, pois, um compromisso de disponibilização de recursos públicos que são alavanca para uma predominância em progresso da economia privada na criação de riqueza nos Açores. Não se trata de um recuo da economia pública, mas sim de um posicionamento estratégico da economia e das finanças públicas nesta alavanca, neste incremento de criação de riqueza pelo empreendedorismo associado a estes compromissos de sustentabilidade”, sublinhou o Presidente do Governo.
“Associar o negócio com
a economia produtiva”
Fez, depois, uma avaliação do investimento do Grupo ‘Sousa’. Em seu entender, a escolha do espaço para uma plataforma logística, é (…) óptimo quando se aproxima de infra-estruturas essenciais como as portuárias e as aeroportuárias, e de acesso terrestres acessíveis. Pois, muito bem, não podia ter escolhido melhor sítio do que este, aliás, na centralidade da maior ilha dos Açores, territorialmente fixada esta plataforma logística e com esta inteligência de aproveitamento e sinergia das infra-estruturas instaladas”.
A outra nota que quis deixar considerou “simbolicamente, revolucionária”: “Associar o negócio próprio do Gmas, eventualmente, potenciar eficiência colaborativa com os outros empresários, com a economia produtiva de São Miguel e dos Açores no armazenamento, no arranjo de plataforma de distribuição eficiente para consumidores de primeira ou de segunda linha”.
“É que”, afirmou, “não se trata apenas de uma redistribuição logística de bens importados ou expedidos para consumo local. Mas, igualmente, é uma oportunidade de plataforma logística para expedição e exportação de produtos ou mesmo de uma redistribuição nos consumidores ou prestadores de serviço, no caso, em São Miguel, em todas as outras oito ilhas dos Açores ou mesmo para o exterior, para a Madeira, para o continente e para o estrangeiro. Isto é assegurar, através da parceria, de uma postura empresarial colaborativa, eficiência, gestão de recursos, fazer mais com menos, garantir rentabilidade a todos os stakholders”, disse.
A plataforma logística tem uma área total de 30.000 metros quadrados, dispondo de uma área coberta de 8.500 metros quadrados, dos quais 1.650 metros quadrados de área de frio, e terá capacidade para armazenar 6.000 paletes. Representa um investimento total de 11.500.000€ e criará 40 postos de trabalho directos.
Trata-se da primeira infra-estrutura logística multicliente dos Açores, a qual “permitirá oferecer um amplo conjunto de serviços logísticos ao tecido empresarial da Região, acrescentando um contributo para o desenvolvimento da economia açoriana”.