Meus Queridos! Como todos sabemos, a subida do custo de vida tem sido uma dor de cabeça para quem tem de consumir combustível para se deslocar para o trabalho… assim como quem tem de ir todas as semanas às compras e se depara com subidas vertiginosas dos produtos alimentares que vão desde as cebolas e os tomates, ao azeite e às frutas, para já não falar no peixe e na carne. Há aumentos de preços que até se compreende, mas há outros que parecem aumentos sobre os aumentos… vão crescendo de semana para semana… A minha amiga Gisela disse-me até que ia telefonar para a Inspecção Regional das Actividades Económicas, para saber se os serviços estão activos e se têm feito as vistorias necessárias aos vários estabelecimentos comerciais…. É que eles deixaram de dar informação pública da sua actividade, e muita gente diz que não é bom começar-se a duvidar da justeza dos aumentos sobre aumentos… Porque feitas as contas, há aumentos de preços que nada têm a ver com a subida da malfadada inflação… Por isso é de louvar a iniciativa do Banco Alimentar, liderado por Luísa César, em colaboração com outras entidades, para ensinar as famílias a cultivarem produtos para auto-consumo, … tal como o programa que tem sido igualmente desenvolvido pela Junta de Freguesia de São Pedro, tal como foi em tempo divulgado num trabalho publicado no Jornal que tão generosamente me acolhe no seu seio. A minha amiga Gisela diz que uma coisa é ganhar o que é justo, outra coisa é servirem-se da ocasião para se aproveitarem dos necessitados e desprotegidos dos serviços que têm a responsabilidade de verificar a legalidade das coisas.
Ricos: Ontem, no chá das cinco que costumo tomar com as minhas primas Ernestina dos Arrifes e Piedade da Relva, não se falava de outra coisa a não ser dos furtos em viaturas que estão estacionadas nos passeios das ruas, sobretudo na rua da Piedade, porque nem todos os moradores têm garagens… Acontece agora que os pobres dos donos quando se levantam para ir trabalhar, dão por si… e falta-lhes os pneus, ou os faróis nas suas viaturas … As minhas primas dizem que até parece, que há quem ande por aí a fazer encomendas aos larápios de serviço, de forma selectiva, para roubarem das viaturas… Esta ou aquela peça de marcas específicas. É caso para pensar que estamos perante gangues organizados…. As minhas primas, que também já foram vítimas dos “amigos do alheio”, dizem que estão pensando fazer queixa na Polícia, mais que não seja para ficar a ocorrência devidamente registada, …É que alguns políticos cá da nossa praça não se cansam de apregoar que vivemos no reino da tranquilidade, sem roubos, nem violência, até parece que eles vivem noutro planeta. E já agora convém terem muita atenção, porque, o crime violento, que assistimos por este mundo fora, começou por pequenos furtos. Ernestina e Piedade dizem que ainda vamos a tempo de evitar males maiores… Se houver meios e capacidade para apanhar e “encarcerar” quem faz da noite a profissão de roubar!
Meus queridos! Que o Mercado da Graça se tornasse tão grande desgraça estava bem longe eu de pensar. Mas aí está e não precisa ser grande entendedor de política para perceber a intricada intolerância que vai por aí e que, ao contrário do que muitos angelicamente apregoam, não é a normalidade democrática a funcionar. A demissão da minha querida Presidente Maria José é muito mais profunda do que a troca de galhardetes e acusações nos jornais e na Assembleia Municipal. Diz a minha prima Teresinha que segue atentamente estes meandros através das transmissões na net, que alguém anda a “entregar o ouro ao bandido”… E nada nunca mais neste mandato será igual para as bandas da Praça do Arcanjo. E para deslindar todo este imbróglio, com tanta investigação pedida a tanta gente, temos processo para anos e, se calhar, primeiro vão-se gastar as ventoinhas das catacumbas do que ter-se conclusões da coisa. Mas para esperar é que cá estamos… e entretanto fica o meu ternurento beijinho à Presidente cessante, Maria José Duarte, e ao novel Presidente da Assembleia, Cláudio Almeida, que vai precisar de muita força e perspicácia para conter os ímpetos dos deputados municipais… Quanto ao PSD/A, a minha comadre Maria da Praia, que é mulher que anda sempre atenta aos meandros da política, telefonou-me dizendo que lá no Alto das Covas o que se comenta nas tertúlias políticas…. É que o partido do meu rico Presidente Bolieiro está a navegar à vista… Porque o comandante foge das tempestades… Mas se continuar assim, sem por “os bois” nos varais, …corre o risco de dar à costa! É que Maria da Praia diz que… Em política é preciso saber ouvir e coligar, … Mas quando o perigo está à vista… É preciso por ordem na embarcação, doa a quem doer!
Ricos! E já que estou a falar da Assembleia, é bom que se diga que quem seguiu as transmissões pela net, que por acaso começaram bem mal, sem som quando era importante ouvir a parte inicial de uma reunião que até começou bem atrasada, teve ali um péssimo exemplo de como se confunde a luta política com as picardias pessoais e de grupo, raiando o insulto e a ofensa pessoal. E depois queixam-se da cada vez maior indiferença das pessoas para com políticos, sejam eles governantes ou autarcas. Numa Assembleia com dez ou onze pontos de agenda e todos eles relativamente pacíficos, é de ficar de boca aberta com os argumentos e discussões, de um lado e do outro, que deixara, em certos momentos, a cabeça do pobre novel Presidente em caldo para manter o ordem e o silêncio. Não é isso que se espera do órgão máximo que deve acompanhar e fiscalizar a sério a actividade dos edis do concelho…
Meus queridos! E não posso deixar de mandar um ternurento beijinho a um autarca que tendo sido eleito numa lista de independentes, lá para os lados da Candelária, não tem medo de se colocar num lado ou no outro, quando se trata de defender os verdadeiros interesses do povo. E esse ternurento beijinho vai pela coragem que João Pereira teve em dizer alto e bom som que não pode aceitar que as medidas de combate à crise e à inflação estejam na multiplicação de “cheques e chequinhos” que vão parar sempre às mesmas mãos daqueles que não querem trabalhar e vivem há muitos anos, de pais para filhos, à sombra do dinheiro de rendimentos, enquanto quem trabalha está a empobrecer a passos largos… É preciso ter coragem e por isso eu e a minha prima Teresinha que estávamos a ouvir João Pereira, aplaudimos de pé a corajosa intervenção…
Ricos! Esta semana foi notícia nacional a trapalhada de uma deputada da Assembleia da República que pediu para ser apagada das actas e das gravações parlamentares, as declarações de outro deputado, de partido diferente e que visavam uma determinada Ministra… Levantou-se o Carmo e a Trindade, ao ponto do partido rosa da dita cuja deputada ter de vir publicamente pedir desculpas e dizer que não concorda nem nunca teve tiques censórios… Eu que não sou mulher de enredos políticos pensei logo que aqui nunca haveria ninguém que propusesse apagar nada de uma acta, nem que fosse uma questão de nomes usados indevidamente… Ou se calhar até já aconteceu. O diabo que o jure!
Meus queridos! Não é por vir grande mal ao mundo, mas há coisas que me deixam fora do sério. O meu querido Presidente Marcelo foi à Califórnia com vasta comitiva e não teve lugar para convidar alguém do Governo Regional dos Açores, já que a maioria da diáspora californiana é açoreana (escrevo com e, de propósito). O meu querido antigo presidente Vasco Cordeiro insurgiu-se e com razão porque a falta do convite ficou muito mal a Belém… E fez-me lembrar uma estória que Onésimo Almeida conta num dos seus livros e que se passou entre Natália Correia e Mário Soares, na célebre Presidência Aberta de 1989… A poeta ficou muito ofendida de não viajar no avião presidencial e travou-se de razões com Soares que, desculpando-se lhe disse: - A Senhora sabe que está sempre no meu coração, ao que ela ripostou de imediato: - Estou no seu coração, mas não estou no seu avião! É o que se poderá dizer a Marcelo quando fizer loas aos Açores e à Autonomia… E já agora acrescento que não percebo a indiferença do Governo dos Açores quanto à inclusão de representantes da Região na comitiva presidencial… Quando o Governo se tem desdobrado em contactos com as comunidades para manter e renovar os laços de união entre os Açores e a diáspora que tem mais gente do que os que cá residem… Afinal, a febre da sempre apregoada coesão territorial serve apenas para “inglês ver” … De quando em vez é preciso dar um murro na mesa para que os mais altos dignitários nacionais não se lembrem dos Açores quando isso lhes dá jeito….
Ricos! Como continuamos sem Bispo, vamos assistindo a uns despiques clericais que, se não fossem de chorar dariam para rir. No espaço digital “7Margens”, bastante visitado por quem se interessa por estes assuntos surgiu agora um artigo-resposta assinado pelo cónego arcediago João Maria Mendes, com o título “Não temos ninguém para ser Bispo? – uma carta sobre a diocese de Angra”, em que, respondendo a colegas padres, que a revista online não revela, faz uma longa explanação sobre as sedes vacantes que por cá já existiram e pergunta por que motivo há 70 anos que não sai um bispo do presbitério açoriano… Um artigo que merece leitura atenta. Só não gostei da forma como o rico minoriza o centenário semanário A Crença, tratando-o como “um boletim paroquial que se publica em São Miguel”. Considerar A Crença, que com O Dever, são o último baluarte daquilo que já foi a comunicação social da Igreja nos Açores, como um boletim paroquial em que alguém se “encrençou em tábuas”… mostra bem o respeito por quem pensa diferente… Não havia necessidade!