Duarte Carreiro distinguido pela promoção turística que faz de Portugal e dos Açores na América defende que na Administração da SATA é preciso colocar também um açoriano

Duarte Carreiro, Director de Operações da Azores Airlines na costa leste dos EUA foi homenageado em Boston por Charles Baker, governador de Massachusetts, “Estive no gabinete do Sr. governador, juntamente com a Vice-governadora, e ambos fizeram o favor de me entregar uma placa” de homenagem pelos trabalhos prestados ao serviço do turismo e da comunidade portuguesa nos EUA”.
Segundo o homenageado, a distinção deve-se ao facto de ao longo dos últimos anos ter desenvolvido acções que promoveram Portugal e os Açores, enquanto destino. “Transformei a América no segundo fornecedor de turismo para os Açores, sendo que, tradicionalmente, Portugal continental era o número um e durante muitos anos a Alemanha foi número 2. Nos últimos quatro a cinco anos, devido ao trabalho que desenvolvi, a América ultrapassou a Alemanha”, sulinhando que contou também o apoio humanitário que desenvolve. Os voos directos de Ponta Delgada para Cabo Verde, com saída de Boston, permite que contacte de perto com a comunidade cabo-verdiana que, “por vezes, é carente, e estamos sempre prontos a ajudar”.
Mais conta, que quando regressou à América, a comunidade percebeu “que houve uma dinâmica muito grande. Passamos algumas dificuldades, nomeadamente com os aviões Airbus 310, avariados com muita frequência, mas conseguimos ultrapassar as dificuldades, porque tivemos sempre um diálogo muito frontal e franco com os nossos passageiros, que foram percebendo ou, pelo menos, tentando perceber o que se passava. Gradualmente, fomos adquirindo novos sistemas de leasing, o que permitiu que a regularidade fosse constante. O serviço tem melhorado e a regularidade também, o que leva os passageiros a ficarem contentes.  E isso é fundamental. O passageiro tem de saber que sai e chega a determinadas horas. Em Portugal, foram os administradores da SATA que fizeram todo este trabalho, com certeza, tendo usufruído desta dinâmica implementei-a nos Estados Unidos. Criei um laço de confiança, primeiramente com a comunidade portuguesa e mais tarde com a comunidade americana. Tomei também iniciativa, com a ajuda da Associação de Turismo dos Açores, de participar em feiras de turismo por quase toda a América, numa média de 13 a 15 por ano, o que permitiu que as pessoas conhecessem os Açores. Nos últimos anos, as pessoas quando viam fotografias dos Açores já sabiam que se situava no meio do Atlântico e que ficava a quatro horas de distância de Boston.

“Reconhecem o trabalho
 que desenvolvi”
Não sei se haverá pessoas relacionadas com a comunidade portuguesa no gabinete do governador para me homenagearem, sublinha Duarte Carreiro, contudo o facto é que “começaram a perceber toda a dinâmica e a melhoria dos serviços e reconhecem o trabalho que desenvolvi pela comunidade portuguesa e por Portugal”. Isto é, por todo o profissionalismo que tenho aplicado na aviação comercial e no turismo, mas também como servidor público. Presto um serviço público neste tipo de relacionamento. Coloco sempre as pessoas em primeiro lugar e isso é reconhecido. Claro que o americano tem uma visão um diferente do europeu, uma vez que valorizam a dedicação do serviço público, considerando-a como muito reconhecida e primordial, pois para além do turismo também exerço como”. notário público e como xerife do condado de Bristol”. Mais, refere: “Eu é que abri a rota de Cabo Verde e o primeiro voo foi realizado no dia dos meus anos. Era para ter sido realizado no dia antes, mas a Administração da altura fez-me o favor de atrasar o voo para o dia do meu aniversário. Foi uma espécie de reconhecimento do que trabalhei para termos a rota para Cabo Verde. A vantagem dos voos de Cabo Verde passa por termos voos todos os dias de Boston para Ponta Delgada, porque durante o Inverno nem sempre conseguimos encher os voos para Ponta Delgada, mas se tivermos os passageiros de Cabo Verde, aquilo já vai metade de cada e já compensa fazer um voo. Quando se faz aqui qualquer coisa na América, da minha perspectiva, é sempre com uma visão de rentabilidade comercial, não é por acaso que se faz. Neste caso, estamos a usar Cabo Verde para nosso proveito. O mesmo ocorre com Providence. Defendo que devemos fazer voos para Providence. Se abrirmos, que seja uma vez por semana, uma rota de Providence vamos apanhar o sul do estado de Massachusetts, o estado de Rhode Island, o estado de Connecticut e Long Island, vamos apanhar esse tráfego todo e já deixamos Boston mais disponível para apanhar o tráfego de outras zonas da América. Isto é uma estratégia comercial normal”
Ao serviço da SATA, a promoção turística que tem sido feita nos Estados Unidos, não só para as nossas comunidades - pois a primeira geração conhece os Açores, mas segunda e terceira geração agora é que estão a ter uma maior ligação às ilhas - , mas será que a partir de Bóston e agora com a ligação da SATA a Nova Iorque pode incentivar a vida destes descendentes aos Açores, questionámos.
Duarte Carreiro recorda que ao longo dos anos a Administração da companhia aérea açoriana tem tido políticas diferenciadas e como Director de Operações não lhe cabe   traçar orientações, dado que a empresa tem a Administração a quem obedece. E explica:  “Uma empresa privada americana é que está a desenvolver a promoção turística, tanto no caso de Nova Iorque como de outros mercados. Portanto, Nova Iorque não passa pelas nossas mãos, assim como Charles de Gaulle (Paris, França), com saída de Boston. Barcelona (Espanha) iniciámos voos há alguns anos, mas tivemos que interrompê-lo pois não tínhamos avião para essa rota, mas felizmente esta Administração retomou os voos para Barcelona. Neste momento,  “o que sei é que há uma agenda muito própria, não é a mesma que motivou os princípios da criação da empresa nos Estados Unidos em 1986 pelo então Presidente do Governo dos Açores, João Mota Amaral”.
Na altura, esta empresa apareceu com voos charters para colmatar uma necessidade urgente da comunidade portuguesa para ir à sua terra, com a certeza que ia e vinha. Na ocasião, o mercado estava de tal maneira deturpado que ninguém sabia o dia que tinha avião para ir nem para regressar. Durante mais de 30 anos essa empresa desenvolveu o trabalho de comunicação. Eu podia dizer, sem arriscar exagerar, que a empresa Azores Vacations America, que pertence ao grupo SATA, é a única empresa que os açorianos e a Região dos Açores têm na América. Foi esta empresa que ao longo dos anos trouxe os americanos para os Açores, chegando a ser o segundo emissor de turismo para os Açores”.
Actualmente, há outras ideias e projectos, e isso faz com que sinta que o mercado da saudade está um pouco à margem das decisões, contudo continua empenhado a trabalhar porque “as pessoas primeiro”.
Sem quer opinar, Duarte Carreiro avança ser um defensor da existência na Administração do Grupo SATA de um açoriano que conhecesse bem os problemas e as dificuldades das comunidades espalhadas não só pela América mas em outros pontos, como o Canadá.        

 

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