31 de julho de 2022

Recados com Amor...

Meus Queridos! Sou uma mulher que se opõe com veemência a todo e qualquer tipo de abuso sexual e violência doméstica, destacando sobretudo o abuso sexual de menores. É preciso não esquecer que só a partir da década de oitenta é que se começou a criminalizar tais atos, com a revisão do código penal e das alterações que se seguiram… Os prevaricadores devem ser responsabilizados e cumprir depois a pena que lhes for aplicada pela justiça… Mas é preciso lembrar que o abuso de menores acontece em grande escala no próprio seio familiar, sem esquecer o que aconteceu em várias instituições religiosas, cristãs e não só… A coisa foi de tal ordem que o Vaticano teve de tomar medidas para combater o abuso de menores por presbíteros… e Portugal não fugiu à regra tanto que a Conferencia Episcopal Portuguesa criou uma Comissão com várias personalidades civis para estudar e receber as queixas das vítimas… Como católica acho uma medida acertada e penso que devia ter sido tomada há mais tempo…. O que não entendo é que quem preside ou pertença à Comissão se ponha a dar informações desgarradas sobre as queixas que receberam e o andamento que lhe dão… Com tanto badalar depois a comunicação social começa a noticiar factos pela rama como aconteceu agora com o caso de uma Mãe que começou por relatar o caso ao Cardeal D. José Policarpo no fim da década de 90 e agora sobra para o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, que soube de uma denúncia de abusos sexuais a uma criança de 11 anos por parte de um padre da diocese de Lisboa, mas não denunciou o caso, ocorrido no final da década de 90. Ora segundo o Cardeal D. Manuel Clemente ele chegou a encontrar-se com a vítima, em 2019, quando ela tinha já 40 anos, mas terá ocultado o crime porque o homem que sofreu os abusos não quis tornar o caso público. Isto é, devido à notícia que foi divulgada sobre o caso e sem se quererem saber a razão da não denuncia o que fazem é crucificar agora D. Manuel Clemente que falou com a vítima, mas ela procurou o resguardo por razões de foro pessoal… Manifestando apenas vontade de que os abusos não se repetissem. Não digo que o pároco não devia ter sido admoestado pela Igreja, mas, entretanto, desde o abuso até agora, decorreram 29 anos e a vítima disse o que pretendia…. Deixem a justiça trabalhar… e a Comissão independente para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja, deve ter o recato que se exige nos processos de investigação e no final do ano, apresente então o relatório que ficou encarregada de fazer, além de remeter à justiça o que está a tempo de investigar e julgar.

Ricos! Tem sido noticia frequente na imprensa o “assédio” feito no coração e arredores da cidade de Ponta Delgada por indigentes que admoestam as pessoas para que lhes dêem dinheiro sejam elas turistas ou residentes … E depois usam os vãos dos imóveis, sejam casas particulares ou alojamentos locais, para pernoita … O que para além do incomodo que cria aos residentes… Dá uma imagem deprimente de uma cidade que é candidata à Capital Europeia da Cultura… A minha comadre Gracinha telefonou-me dizendo que tinha subscrito um abaixo-assinado com outras pessoas a pedirem à Policia que intervenha na situação de modo a pôr cobro ao descalabro que existe com implicância para as pessoas e para cidade… Gracinha acrescentou ainda que o meu rico Presidente da Câmara Pedro Nascimento Cabral também subscreve a dita petição, mas aqui o coração deu-me um baque… Deixando-me de cabelos em pé… Porque o Senhor Presidente da Câmara quanto a mim que sou leiga nessas coisas de “poder”, devia era liderar uma acção conjugada com a policia e as entidades governamentais para fazerem as posturas municipais que forem necessárias e tomar as demais medidas sociais para resolver tão deprimente situação. Pelos vistos isto só vai quando o povo descer à rua para dizer que o rei vai nu!

Meus Queridos! Quinta-feira passada 28 de Julho, o Cine Teatro Vale Formoso acolheu um serão convívio com Fornenses residentes e outros emigrantes que regressaram para as festas de Santana… O programa foi extenso começando com a exposição de pintura do artista José Carlos França seguindo-se a actuação musical do Duo Top Furnas composto por Hermenegildo Galante e Paulo Pimentel que abriram caminho para o famoso músico Ruben Bettencourt fazer a apresentação curricular do meu querido amigo e distinto caçador Gualter Furtado e de Carlos Sousa Vieira, dois Furnenses que foram homenageados pelo percurso profissional de cada um e pelo contributo prestado ao longo dos anos ao Vale das Furnas. Sou apologista de que as homenagens a existirem devem fazer-se em vida… Por isso, para os organizadores do evento e para os homenageados envio um repenicado beijinho desejando muitos êxitos profissionais e musicais, coisa que os Açores bem precisam!

Meus queridos! Como prometi nos meus recadinhos da semana passada, tenho de voltar ao festival pela terra que se realizou nas Sete Cidades, para dizer das impressões com que ficou a minha sobrinha-neta que lá foi nos dois dias com as amigas estudantes do rectângulo que, estando cá de férias, não quiseram perder aquele momento que tanto tem dado que falar. Claro que as opiniões continuam divididas, mas uma coisa são opiniões e maneiras de ver e outra são os factos. E como diz a minha sobrinha-neta, os factos são simples: o festival em si foi uma aposta ganha pelos organizadores e, no recinto da festa, os comportamentos, salvo um ou outro exagero, o respeito pelo ambiente foi exemplar. Quanto ao resto e o que se viu noutros pontos das Sete Cidades, é sempre a mesma coisa e sinal da longa caminhada de civismo que ainda é preciso fazer contra os que deixam rasto por onde passam… Mas isto aconteceu, agora, acontece nos ralis e acontece nas festas dos padroeiros e noutras ocasiões… Como bem disse a presidente da Junta das Sete Cidades, … Quando se congratulava com a forma como tinha decorrido o festival bem como a mais-valia que representou para a Freguesia...

   Ricos! E como estou a falar do festival pela terra, a única coisa que em meu modesto entender deve ser repensada num eventual futuro evento assim … É a forma de chegada ao evento que evite a descida de milhares de popós à cratera, com a onda dos fumos que é inevitável e contra o espírito do festival. Alugar uns pastos cá em cima, nas duas entradas, improvisar parques e ter autocarros ou carrinhas a transportar as pessoas até à ponte… É uma medida a ter em conta…. Seguindo assim o modelo que se faz e bem, na festa do Chicharro na Ribeira Quente. Este alvitre foi-me dado pela minha comadre Gertrudes que esteve num chá com várias amigas que não perdem a festa do chicharro… E lhe contaram como funcionou muito bem o encaminhamento das pessoas das Furnas até à Ribeira Quente… Temos de aproveitar o que se faz bem e com resultados para todos!
Meus queridos! Durante toda esta semana tem estado na berlinda a questão da segurança em Ponta Delgada e um pouco por toda a ilha de São Miguel. A minha prima Teresinha que, coitada, ali para os lados do Pico da Pedra, numa noite ficou sem uma maçaroca que fosse do milho doce que o marido plantou e cuidou para auto consumo e para fazer venda, porque a vida não está para folganças… Teresinha diz que não pode levar à paciência o desrespeito que grassa pela nossa Ilha… E a pouca vergonha do que vai acontecendo e vai lendo na imprensa. Ficou ela de boca aberta quando leu, no jornal que tão generosamente me acolhe no seu seio, as declarações de um alto responsável da PSP em Ponta Delgada que, falando dos muitos indivíduos que por aí andam sem norte, … Conclui dizendo que “no cômputo geral, estes indivíduos não representam um problema criminal” e não querem ver que, em letras bem gordas a abrir a mesma edição do Jornal podia ler-se que dois jovens de navalha em punho roubam 400 euros e cartão de crédito a homem de 62 anos e fizeram transferência depois de 15 mil euros e outros levantamentos! Que a vítima parece ter-se posto a jeito… Lá isso é verdade, … E mostra dessa forma a degradação social a que assistimos velozmente… Apesar disso, a minha prima Teresinha diz que lhe parece que há muita gente que anda num mundo diferente daquele que acontece na rua todos os dias e por isso mesmo, esta questão da segurança deve passar para topo da agenda de comunicação social e das várias autoridades!

Ricos! E falando em autoridade, é preciso que se diga que o problema é bem mais profundo que a mera falta de efectivos policiais. Os poucos que existem estão assoberbados com papelada e processos, dentro das esquadras, em vez de estarem na rua a fazer o seu trabalho de vigilância e acompanhamento ou a responder prontamente às chamadas. Os agentes policiais não têm culpa alguma da situação…. São os políticos e as altas instâncias que têm de perceber que para organizar processos e tratar de burocracias há que contratar civis para o efeito ou ir buscá-los a outros serviços públicos… Mas, no caso de Ponta Delgada, há ainda um outro problema que o meu querido edil mor tem de resolver e que é o de dar visibilidade à Polícia Municipal cujas funções estão longe de ser cumpridas… A minha prima Angélica mostrou-me a lista das coisas em que a tal Polícia Municipal pode intervir, na área da segurança, e não se percebe por que motivo ela seja apenas olheira do trânsito… Em matéria de segurança ninguém pode assobiar para o lado…

Meus queridos! Li um dia destes que “números do Serviço Regional de Saúde indicam que, tendo por referência os dados do final do ano de 2020, tinham médico de família em São Miguel 133.984 utentes, existindo 12.167 utentes sem médico de família, e 804 sem médico de família por opção dos próprios utentes”. Como sou uma mulher que aprendeu a fazer contas na escola, mesmo sem precisar de calculadora, bastou somar estes números para ver que isto totaliza 146 955 almas. Ora, dizem os censos de 2021 que a ilha do Arcanjo tem 137 220 habitantes. Como é que foram buscar quase mais dez mil para aquelas contas? Ou a ilha cresceu depois dos censos, ou os registos dos serviços de saúde estão muito desactualizados… Pois é!

Ricos! Há dias fui com umas amigas de peito visitar o Santuário do Senhor Santo Cristo, pois uma delas tinha promessa a pagar e pediu companhia. Para além do monte de pedintes à porta, alguns com palavreado mais que vernáculo e gestos mais que provocatórios, o que mais estranhámos foi que mesmo dentro do santuário havia cavaqueira da grossa, como se aquilo fosse um arraial. Como as minhas amigas não foram ao Santuário para observar e falar mal dos outros, cumpriram a sua promessa e saíram em paz…. No entanto quem ali vai estranha que agora, passada a pandemia, toda a gente anda já à vontade por aí, mas a Imagem do Senhor continua ali, postada no meio do coro baixo, no chão, quando, agora que já lá estão as Freiras do Bom Pastor, a Imagem deveria regressar ao seu multissecular altar. Até para evitar a maior deterioração da Imagem do Senhor… E depois não vale chorar sobre leite derramado…

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Autor: CA

Categorias: Maria Corisca

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