Anica Nena Nosalj Peršić, de 66 anos de idade, é uma cidadã croata que está em São Miguel, há pouco mais de um ano. Vai completar mais um ano de existência no dia 1 de Julho.
Na Croácia, nasceu na capital que fica no noroeste do país, na histórica cidade de Zagreb. Ali esteve até aos três anos de idade, mas depois foi com os pais viver para a ilha Lošinj. Maior de idade, regressou a Zagreb para estudar e frequentou a universidade, formando-se em literatura e fonética. Após a licenciatura, começou por interessar-se pelo cinema, como analista e até mesmo escrever argumentos para filmes.
No entretanto, e com jeito para artesanato, no aniversário de alguém mais chegado começou a fazer pequenas peças em madeira, que depois evoluiu para um negócio, em Zagreb, onde chegou a ter o seu próprio espaço, ou “estúdio”, como gosta de dizer.
Já com 30 anos de idade, regressou à ilha Lošinj, onde esteve até há pouco tempo, antes de decidir vir para os Açores.
As peças que foi fazendo, ao longo dos anos, estiveram expostas um pouco por toda a parte na Croácia, mas a partir da sua casa, em Zagreb, exponha-as na Internet.
Mãe de dois filhos
Anica Nena Nosalj Peršić, mais conhecida por Nena, é mãe de dois filhos, um rapaz e uma rapariga, croatas. O seu filho, músico e designer gráfico, vive na Alemanha, mas a sua filha, professor de Yoga, está agora na Índia, apesar de residir na capital da Croácia.
Há dois anos decidiu que era chegada a altura de seguir em frente, desafiando uma nova fase na sua vida. Ergueu um mapa e sobressaiu logo a Região Açores, nove ilhas europeias, portuguesas, isoladas no meio do Oceano Atlântico.
Nena Nosalj Peršić comentou que “a razão principal de ter vindo para São Miguel foi o facto de ser uma ilha, no meio do Atlântico, a duas horas de voo da Europa e cinco horas do continente americano”.
“Não queria viver mais no continente europeu, mas continuo a usufruir da cultura europeia e ao mesmo tempo estou na Europa, fora do continente europeu”, acrescentou.
A nossa entrevistada releva ainda que “também queria estar numa região calma, onde o clima não fosse quente, nem demasiadamente frio”. Na ilha Lošinj, “o clima era bastante agradável nas estações do Outono e Primavera, mas era sempre demasiadamente quente no Verão e gélido no Inverno”.
Decidida em vir para os Açores
Quando anunciou que queria vir para os Açores, os amigos mais chegados e familiares questionaram-na: “Porque é que te vais embora? O negócio está a correr bem, não precisas de fazer isto!”. Nena Nosalj Peršić estava decidida, porque “necessitava de evoluir. A minha missão lá estava concluída, tinha a necessidade de iniciar uma nova etapa”.
Sobre a nossa cultura, diz que “é muito europeia”, com a singularidade das pessoas funcionarem em comunidade, ao contrário do que acontece na ilha Lošinj, onde as pessoas conhecem-se, mas pouco ou nada, comunicam-se umas com as outras”.
A nossa entrevistada vai ter uma loja, na Rua Pedro Homem, n.º 74, tendo para o efeito alugado um espaço em parceria com a Sweetheartes.
Já abriu a sua actividade profissional, mostrando-se impressionada com o facto de só ter de pagar a segurança social, daqui a um ano. É o benefício de quem se inscreve como empresária em nome individual, pela primeira vez.
Muitos trabalhos já concluído
Da Croácia já chegaram, entretanto, muitos dos seus trabalhos, que Nena Nosalj Peršić vai expor no seu espaço, mas a sua criatividade tem por base galhos de árvores e madeiras que vai apanhando à beira-mar, assim como algumas canas, resultando daqui bonitos trabalhos manuais, que depois pinta. Surgem assim, floreiras, diversos barcos em miniatura, à vela ou a vapor, quadros coloridos, mas ao mesmo tempo muito simples, onde os tons de cores combinam uns com os outros.
Aqui nos Açores, apaixonou-se pela Criptoméria, que diz “ser uma madeira que quase não necessita de ser pintada”.
Também encantou-se com o basalto, que conjugado com a Criptoméria afirma ser “uma combinação perfeita”.
A loja de Nena Nosalj Peršić deverá abrir em breve na Rua Pedro Homem, e questionada em termos de expectativas, valida que, “se for como aconteceu na ilha Lošinj, vai ser perfeito. Talvez melhor até, porque vivia numa cidade com pouco mais de nove mil habitantes, mas Ponta Delgada tem cerca de 60 mil”.
A terminar, Nena Nosalj Peršić fez questão de dizer, que “a ilha é mais do que aquilo que expectava. É ainda mais bonita do que pensava que iria ser. É realmente, tudo melhor”.
Dentro do futuro espaço que vai surgir em Ponta Delgada, Nena Nosalj Peršić vai ter um outro lugar destinado a que outros artistas possam expor os seus trabalhos, numa das ruas mais “na moda” da cidade.